Green Day ao vivo: patetas profissionais


Aquela banda de punk-pop desleixada cresceu . O profissionalismo  que o trio de Billie Joe, Tré Cool e Mike Dirnt mostrou para 20 mil pessoas no Anhembi, em São Paulo, foi impressionante. Difícil esperar, por exemplo, que o show começasse meia hora ANTES do horário marcado. Nada foi por acaso: adiantar o início foi boa estratégia para um show que dura generosas três horas, numa noite de quarta-feira.

Os pés doeram, ainda mais com os pisões da multidão espremida na Pista Premium, que no Brasil virou sinônimo de Pista Normal, que por sua vez virou sinônimo de Cercado no Fundo. Puta falta de absurdo à parte, o Green Day garantiu uma noite de puta diversão.  Foram 36 músicas, passando por todas as fases do grupo, de “2000 light years away”, de 92, aos hits de 21st Century Breakdown (2009).

“São Paulo finish last”, diz Billie Joe  antes de “Nice guys finish last”, brincando com o fato de o show encerrar a turnê que passou também em Brasília, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Billie também se lembrou do tempo que eles levaram para voltar ao Brasil: 12 anos.

https://www.youtube.com/watch?v=yM5Ymcr3Elo

A nostalgia é inevitável pra quem esteve nos clássicos shows que eles fizeram por aqui em 98, época em que a gente era bem mais carente de clássicos shows (como lembra esse texto do Tomaz). Mas mesmo quem foi pra sentir de novo o arrepio adolescente com o refrão de “She” ou o riff de “Hitchin´a ride”, também saiu arrepiado com o refrão de “American Idiot” e o riff de “Know Your Enemy”.

Billie Joe, cada vez mais magro e mais parecido com um suricate, é um showman impressionante. Ele chama pessoas pro palco e faz com elas números de artistas de rua, beija na boca, entrega o microfone (destaque pro gordinho doidasso que cantou “Longview”, no vídeo abaixo), finge dormir, se joga no chão, finge transar com o chão, mostra a bunda, simula enforcamento com a bandeira do Brasil e faz teatrinhos nonsense em geral. Os outros integrantes também têm seus momentos, especialmente o lesado baterista Tré Cool, que faz um belo número travestido de senhora.

A produção é gigantesca sem ser brega. Foguetes ensurdecedores, chamas de fogo sinistras e brinquedos geniais, como um lançador de papel higiênico e uma bazuca de camisetas, são tão divertidos quanto as músicas. A lógica “já que temos dinheiro sobrando, vamos brincar com fogos perigosos e metralhar coisas no público” é perfeita.

Os truques de melodia -peso – melodia, especialmente nas músicas mais velhas, se perdem no meio do som que tem que ser pesado o tempo todo pra ocupar a arena, exceto nos momentos balada, principalmente o bis acústico encerrado com “Good riddance (time of your life)”.

Eles não têm o mínimo pudor de deixar bem claro os momentos de jogar os celulares ao alto. E o espetáculo também tem momentos com espírito descarado de banda-de-formatura, incluindo covers roqueiros manjados, de Black Sabbath a Beatles, e brincadeirinhas com fantasias, incluindo um Elvis saxofonista.

Mas eles conseguem criar um ambiente caótico dentro da estrutura organizada. O maior mérito é da espontaneidade e leveza de Billie Joe. Ele não perde as chances de zoar a maior estrela da noite: ele mesmo, como quando veste uma camisa “Stupid” jogada pelo público. Aquela banda de punk-pop desleixada cresceu, mas não deixou de ser também aquela banda de punk-pop desleixada.


3 respostas para “Green Day ao vivo: patetas profissionais”

  1. o certo é nice GUYS finish last ¬¬ e você disse a mesma coisa que todos os sites sobre teatrinho”… billie joe suricate? de rir; texto medio.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

  • A gente
  • Home
  • Retro
  • Homeopatia
  • Overdose
  • Plantão
  • Receituário
  • Ressonância
  • Sem categoria
  • 2022
  • 2021
  • 2020
  • 2019
  • 2018
  • 2017
  • 2016
  • 2015
  • 2014
  • 2013
  • 2012
  • 2011