Scott Pilgrim contra o mundo


Nossa avaliação
Scott Pilgrim vs. the World (2010)
Scott Pilgrim vs. the World poster Direção: Edgar Wright
Elenco: Michael Cera, Kieran Culkin, Anna Kendrick, Alison Pill


Caro Sujeito Comum Que Não Tem Ideia De Quem Seja Scott Pilgrim,

Olá. Eu sou alguém que leu os dois primeiros volumes da HQ “Scott Pilgrim contra o mundo” e não pude ver a adaptação nos cinemas porque você nem imagina do que se trata e, mesmo que soubesse, provavelmente não se daria ao trabalho de assistir. Sei que mais especificamente o motivo é você, Average moviegoer, ser estranho que mora nos EUA e não pode ler o que estou escrevendo. Mas enfim.

Não vi a logo da Universal em estilo 16-bit com a trilha do Super Mario na tela grande. Você talvez nem saiba o que Mario Bros. representa, não tenha jogado ou (heresia) achava idiota, então não entende minha taquicardia quando vi aquilo no plasma da TV. E era só o começo.

Acredito que, como a maioria, você deve achar que Michael Cera é um bobão que sempre faz o mesmo papel e nunca seria capaz de lutar como o protagonista do filme. Se cabe a explicação, é porque são lutas de videogame. A execução do diretor Edgar Wright deixa isso bem claro. E com exceção do número musical da primeira briga, que não funciona e soa estranho, ele faz isso muito bem.

Além do mais, Pilgrim não é o Cera-bobão de sempre. Ele é bem babaca, na verdade. Conheço vários Pilgrims: amigos, colegas de faculdade, eu. Minha geração. Para a qual você está se fodendo, eu sei. Nunca viu um vegan? Então não sabe que eles realmente têm certeza de que são superiores ao resto da humanidade e perderia a melhor piada do filme? Foi mal. Mas você viu “Superman – O Retorno” e reconheceria o Brandon Routh na cena? Foi mal de novo, ele é a pior coisa do longa.

Ah, e você ainda é daqueles que acha que gay é uma coisa que só existe na TV? E não entende como o protagonista pode dividir uma casa, muito menos a cama, com o personagem de Kieran Culkin? É, não deve sacar então que essa é síntese perfeita da HQ de Bryan Lee O’Malley: o retrato social de uma geração potencializado por uma caricatura exacerbada dos personagens.

Beleza. Ah, mas também não assistiu “Amor sem escalas” e achou a escalação de Anna Kendrick e seu timing cômico perfeitos como a irmã? Nem ficou com vontade de que ela aparecesse mais? Não é seu tipo de filme, né? Ok.

Então nem adianta falar que a adaptação é uma das mais fiéis, que a cena em que o primeiro ex-namorado vira moedas e Scott conta que “nem vai dar pro ônibus” é IDÊNTICA à HQ… não? E você também não conhece Beck, Metric ou Broken Social Scene e não está nem aí se as músicas das bandas soam bem melhores do que as letras deixam transparecer na página?

Nem se eu falar que “Scott Pilgrim contra o mundo” conta só a história de um cara competindo com os ex da namorada? Ou seja, competindo com suas próprias inseguranças? Aprendendo a lição da disciplina “Básico-A-1” da Faculdade de Relacionamentos: é preciso gostar de si mesmo antes de gostar de alguém? Sério: quem não se identifica com isso?

Não?

Mesmo?

Ok. Eu entendo. Só te odeio um pouquinho. Mas vai passar.

Abraço,

Daniel.

P.S.: Ow, odeio pra caralho na verdade. Só que… deixa pra lá, né?


3 respostas para “Scott Pilgrim contra o mundo”

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