Bruna Surfistinha


Nossa avaliação

[xrr rating=2/5]

“Bruna Surfistinha” é uma sucessão de equívocos: da imagem na webcam que abre o filme ao “Fake Plastic Trees” que encerra a história. A adaptação do livro “O Doce Veneno do Escorpião” conta a história real de Raquel Pacheco (Secco), menina de classe média que se tornou a garota de programa conhecida como Bruna Surfistinha. Mas o grande potencial de drama e sexo que o enredo possui acabou desperdiçado pelas decisões tomadas pelos (três) roteiristas, que parecem não se resolver sobre qual história pretendem contar. E assim,  o diretor Marcus Baldini não acerta no tom da narrativa.

Na primeira cena, um dos principais problemas já aparece: no papel principal, Deborah Secco consegue ser, ao mesmo tempo, o que de melhor e o que de pior o filme tem. Raquel surge aos 17 anos de idade, fazendo um strip-tease sem muito jeito em frente à câmera de seu computador. A proposta de mostrar uma garota sexualmente inexperiente e pouco sensual cai por terra assim que vemos o rosto da atriz. Toda a fama e sensualidade naturalmente agregados a Deborah Secco prejudicam nossa crença na personagem, pois acabamos sendo constantemente lembrados de que não é a Raquel (ou Bruna) ali, mas uma estrela da televisão.

O que é uma pena, já que Secco apresenta aquela que é provavelmente a melhor interpretação dramática de sua carreira, conseguindo carregar a difícil trajetória da protagonista com muita competência: o jeito de falar, os olhares, a postura inicialmente fechada e de ombros caídos que de repente explode em pura sensualidade. Sua mistura bem dosada de ingenuidade, carência e sexualidade só é sabotada – infelizmente (e ironicamente) – pela sua própria fama.

Baldini trata as cenas de sexo com surpreendente respeito, sem apelar para a gratuidade e mudando de tom conforme a história pede. O problema é que ele só acerta na hora em que Bruna vira Surfistinha e ganha fama na internet. Neste momento, o sexo vira um produto valorizado e muito procurado, o que é bem refletido na rápida edição que toma conta da tela. Mas o sexo como arma de uma garota que decidiu usá-lo para mudar sua vida não aparece, e as competências de Bruna são narradas menos por imagens “quentes” e mais pelo irritante e exagerado off que pontua toda a história.

Nunca é totalmente compreendido o verdadeiro motivo de Raquel abandonar a família e se transformar em Bruna. O roteiro esquemático apela para uma “tentativa de chamar a atenção” que não faz muito sentido (já que a mãe aparece sempre preocupada com a filha, longe de ignorá-la) e as cenas sem imaginação de Baldini não ajudam muito. Tem coisa menos original do que personagens deprimidos na chuva olhando a luz acesa de uma janela? Mais clichê do que isso, só se for ao som do Radiohead…


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