Justin Bieber – Never Say Never


Nossa avaliação

[xrr rating=2/5]

Nunca diga nunca verei um filme do Justin Bieber. Eu disse, e agora estou aqui pagando língua caracteres. Ainda por cima foi em 3D. E dublado.  O filme, claro, não é filme. É um show misturado com documentário chapa branca mostrando o dia a dia de Bieber, e como de fenômeno na internet ele se tornou fenômeno mundial. Ou seja, produto feito para fãs. Nesse sentido, é um produto muito bem feito.

Mas é impossível fazer qualquer tentativa de análise cinematográfica: como documentário, o filme não se sustenta, e o show no Madison Square Garden é filmado sem nenhuma originalidade. A estrutura narrativa também é confusa: um vai e vem temporal que mostra uma contagem regressiva de dez dias para o tal show, mas que é intercalada com imagens do próprio show. Não que isso importe muito.

O que interessa para quem vai ver “Never Say Never” é o astro principal. E que astro. Bieber é mostrado com todo o glamour possível, e a adoração das fãs (as chamadas “beliebers”, assim como o Johnny Depp) é martelada sem dó nas nossas cabeças. Ao mostrar as imagens do garoto ainda criança batucando na cadeira, ou tocando violão, ou cantando muito antes da fama, o filme busca convencer até mesmo quem não gosta do garoto de que ele é especial. E consegue. Não há como contestar o talento nato ali presente, e a simpatia de Bieber só ajuda nisso.

Seja brincando com a própria imagem (e cabelo!) ou demonstrando uma ingenuidade típica de um adolescente, ele ,mais do que admiração, provoca pena. O “Macaulay Culkin da música” (como é chamado pelo produtor L. A. Reid) seria mais um talento precoce cuja infância foi destruída para em seguida cair no esquecimento?

Os melhores momentos do “documentário” são justamente quando algo escapa entre as imagens marqueteiras: é aí que vemos Bieber como um garoto que só quer estar com os amigos, como quando os encontra nos bastidores do show e a primeira pergunta que faz é sobre o que eles fizeram em Nova York (o desejo de ser livre aparece de forma contundente).

Em outra cena, ele diz para a preparadora vocal que quer ter uma vida normal, ao que ela responde perguntando se ele quer voltar para o Canadá e abandonar tudo, colocando um peso que não deveria estar nas costas de um menino com essa idade. A relação com o pai (que se separou da mãe pouco após o nascimento de Bieber) também é estranha, e nada explicada.

“Never Say Never” mostra que Bieber pode até ser mais do que a máquina do entretenimento produz. Mas só o fato de existir uma produção cinematográfica contando a vida de um garoto  de 16 anos e com pouco mais de um ano de carreira é uma prova de que sua infância e adolescência já foram perdidas. Será um preço válido a se pagar?


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