[xrr rating=3.5/5]
“O Vencedor” tem escrito no DNA “filme para prêmios”. Está tudo lá: história real, esporte redentor (e ainda por cima o boxe…), família desajustada, um viciado em drogas, astros em papéis dramáticos, um diretor tido como acabado em um retorno triunfal.
David O. Russell está longe de tentar fazer algo um pouco original. A própria linguagem documental (que ele pega “emprestado” de um documentário que está sendo feito dentro do próprio filme) com a câmera na mão sempre próxima dos atores, já deixou há muito de ser uma novidade.
Os clichês aparecem sem dó, cena após cena, quase como um teste de conhecimentos cinematográficos. Mas originalidade nunca significou qualidade, e se Russell apela para as muletas narrativas do drama esportivo, ele faz isso muito bem.
“O Vencedor” tem início com um documentário que está sendo feito sobre Dicky Eklund, ex-boxeador cujo grande momento de glória foi ter derrubado Sugar Ray durante uma luta. Interpretado por um magrelo Christian Bale, o antigo lutador é agora um viciado em crack que treina seu irmão mais novo, Micky Ward (Wahlberg), para ser um campeão do boxe.
Bale ser indicado ao Oscar de coadjuvante e ter colecionados prêmios nesta categoria é na verdade uma grande tramoia para diminuir a concorrência: ele e Wahlberg possuem o mesmo destaque e a mesma importância dentro do filme. São na verdade dois protagonistas, e nunca se sabe sobre qual “lutador” se refere o título original do filme.
Além de Dicky, Micky possui o fardo de levar nas costas o resto da família, contando com sua mãe (Leo) e a penca de irmãs. Mas tudo muda quando ele conhece Charlene, interpretada por uma Amy Adams que passa muito longe da delicadeza que costumamos associar a ela. Figura forte e decidida, sua Charlene vai mudar a vida do namorado ao desafiar a família que o explora.
E se a descrição até agora parece um dramalhão daqueles, é porque é mesmo. Mas isso tudo vai dar origem à improvável trajetória real de Micky no mundo do boxe. Após assistir ao filme é interessante dar uma olhada nos verdadeiros vídeos de suas lutas, para acreditar que aquilo realmente aconteceu.
Wahlberg está bem na composição de um personagem ingênuo e sem muita personalidade. Mas o show é mesmo de Bale: o ator aproveita o farto material dramático de seu Dicky Eklund para entregar uma performance visceral, que consegue despertar ao mesmo tempo raiva e simpatia.
É um filme certinho, que prende a atenção com facilidade em uma bem dosada mistura de drama e humor, além de respeitar seus personagens. Que da metade para o fim você adivinhe tudo o que vai acontecer não é exatamente um problema. Mark Wahlberg, Amy Adams e, principalmente, Christian Bale e Melissa Leo vão garantir uma boa companhia até que os créditos comecem a subir.
Uma resposta para “O Vencedor”
[…] atuações, um jeitão brega-cool divertido e momentos engraçados. Mas o novo papa-prêmios de David O. Russell está longe de ser tudo isso que as indicações ao Oscar prometem. Entretanto é fácil entender o […]