Passe Livre


Nossa avaliação

[xrr rating=3/5]

Os irmãos Farrelly amadureceram. Quer dizer, dentro do possível para dois diretores que adoram o politicamente incorreto e o humor escatológico. Mas “Passe Livre”, novo filme de Peter e Bobby Farrelly, deixa um pouco de lado o humor juvenil (e sensacional) de “Debi e Lóide” e “Quem Vai Ficar com Mary?” para se debruçar sobre a rotina que mais cedo ou mais tarde chega a todo casamento.

A fórmula dos diretores foi sempre a da comédia romântica desvirtuada por alguma situação constrangedora e exagerada que criava situações inverossímeis. Esta estrutura permanece em “Passe Livre”, mas o tema da história é mais tradicional.

O filme abre com Rick (Wilson) cercado pelos filhos e olhando um antigo álbum de fotografias. A nostalgia da juventude mistura-se a uma idéia de liberdade perdida ao lado da esposa, o que potencializa as “tentações” representadas por belas mulheres que encontra todos os dias.

Rick é amigo de Fred (Sudeikis). Os dois amam suas esposas e são fiéis, mas vivem imaginando como seriam suas vidas (e conquistas) se estivessem solteiros.  Típicos heróis loosers do universo farrelliano, eles se envolvem em uma série de situações absurdas que levam suas respectivas mulheres a lhes darem o passe livre do título: uma semana sem obrigações conjugais, ou seja, solteiros.

A premissa é de uma comédia que poderia muito bem ser estrelada por Vince Vaughn ou Adam Sandler. A diferença é que, ao mesmo tempo em que os Farrelly parecem não ter limites para fazer você rir, eles também constroem diálogos hilários e sabem contar uma piada.

“Passe Livre” tem escatologia, estereótipos, e muito humor produzido a partir da vergonha alheia. A forma de narrar a semana livre dos dois como se fossem capítulos de um dia (com  direito à bem sacada utilização da trilha de “Law and Order”) funciona ao criar curiosidade sobre como será cada um daqueles dias. A cara de bobo de Wilson e Sudeikis se encaixa perfeitamente nos personagens e cria simpatia (apesar de suas atitudes deploráveis), fazendo inclusive com que “torçamos” por eles.

Mas apesar do ótimo início com a ambientação e apresentação dos personagens, o filme não consegue manter o prometido. O grupo de amigos que acompanha Rick e Fred some sem maiores explicações, há muitas cenas desnecessárias e o arco final da história apela para o humor físico de ação.

Se o humor adolescente atual foi conquistado por Judd Apatow e companhia, talvez os Farrelly encontrem seu lugar no novo universo das comédias hollywoodianas apresentado temas maduros – e completamente desvirtualizados pelas suas histórias repletas de constrangimento, claro. Machismo, sexo, drogas e muita vergonha alheia. Sim, eles estão de volta.


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