Pílula Pop no rolê: Conexão Vivo!


Nossa avaliação

Vimos três shows. Todos bacanas, de diferentes formas.

Mas destacamos, em especial, a convivência pacífica entre os zilhões de hipsters e os zilhões de hippies. Megalópole é isso aí!

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Lenine + Pedro Morais + Tulipa Ruiz

A faixa etária da galera que se aglomerou dentro do Palácio para o show de Lenine era meio alta para os padrões da música pop. Se fosse chutar uma média, mandaria uns 32, 33 anos. Afinal, não é qualquer adolescente que tem paciência e boa vontade para um cara que faz uma música chamada “Martelo Bigorna”, né?

Idades e médias à parte, uma palavra que permeou minha cabeça durante todo o concerto foi “apreço”. Quase messiânico, Lenine hipnotizou a plateia durante o set, principalmente quando deixava a guitarra de lado e se apoderava unicamente do microfone, andando na beirada do palco como um outro cabeludo andava sobre águas há pouco mais de dois mil anos. A banda de apoio, de pegada rocker, contribui significativamente para a pesada MPB do pernambucano. Pesada sim, ora. Não reparou no riff quase sabbathiano de “Dois Olhos Negros”?

Tulipa Ruiz, que lançou um dos discos mais lindos do mundo todo em 2010, e o mineiro Pedro Morais foram os convidados. E dá-lhe abraços, dedos apontados que dizem “você é o cara” e execuções certinhas e aveludadas. E, ó: me perdoem os fãs exclusivistas do Lenine, mas o ponto alto do show, INEGAVELMENTE, foi a execução de “Magra”, com Tulipa no palco. O Pílula enxugou a lágrima e se preparou para o Otto e o Cidadão Instigado.

Otto + Cidadão Instigado + Renegado

Os últimos discos do Cidadão Instigado e Otto (“Uhuu” e “Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos”, respectivamente) datam de 2009, mas reverberam direitinho até hoje, obrigado. Afinal, o que mais explicaria o coro meio tímido que acompanhou a execução de “Doido” (que nem é single, pasmem), que abriu o show do grupo cearense? Por mais que a postura de palco de Fernando Catatau e seus asseclas fosse pouco mais que estóica, um sorriso fácil deve ter brotado na alma do vocalista ao notar que tanta gente bonita decorou direitinho, e ainda guardou por dois anos, os versos do mega-babado “Uhuu”.

Cidadão Instigado, de temperamento lacônico

O Cidadão está longe de ser a banda visualmente explosiva que a psicodelia dos dois álbuns da banda sugere. No entanto, a boa execução das canções, devidamente ajudada pela boa acústica do Palácio das Artes, ganhou o coração dos já-fãs e colocou para dormir profundamente quem já não ligava muito para o negócio. “Deus é Uma Viagem”, a melhor faixa do último álbum, ganhou execução privilegiada. Quer dizer: não sei quanto a vocês, mas quando os camaradas executam a música do jeitinho que ela está no disco, é o que basta para mim.

O pernambucano Otto (descrito por Catatau como “patrão”, nas poucas palavras dirigidas ao público) entrou logo depois com o jogo ganho. E por boa margem. Tremendamente carismático (mesmo quando agradeceu a um tal de “CONEXÕES VIVO”), o músico causou algo próximo de espasmos múltiplos quando desceu para cantar no meio da galera. E ainda tem gente que inveja o Dan Deacon… Nessa hora, eu tive que sair do confortável cantinho do teatro e me mandar lá para trás, tamanha a tietagem.

Otto (e fiéis)

O mesmo coro que deve ter alegrado a alma de Fernando Catatau voltou quatro vezes mais forte em “6 Minutos”, incluída logo no início do set do patrão. Além de bom frontman, Otto também se preocupa em entregar uma performance cuidadosa das suas criações. E segue coro (e amor) em “Lavanda”, “Crua”, “Meu Mundo”…

O convidado especial, o rapper belo-horizontino Renegado, também foi bem recebido no Palácio. E, de volta, manifestou, em pelo menos uma meia dúzia de vezes, sua “SATISFAÇÃO TOTAL!!” em estar ali. “Cuba”, cantada pelos dois, com Catatau na guitarra e esticada para quase dez minutos de duração, foi outro ponto notável da mui correta apresentação do ex-Alessandra Negrini por essas bandas.


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