Thor


Nossa avaliação

[xrr rating=3/5]

“Thor” é mais infantil do que o esperado. E isso não é exatamente um problema, uma vez que se trata de uma jornada de amadurecimento do personagem título. Como nos mitos – de onde veio a inspiração para o personagem dos quadrinhos – há na saga do deus do trovão uma moral e alguns ensinamentos: não seja vaidoso e arrogante, respeite o seu pai e seja paciente com o seu irmão pentelho.

O filme segue o personagem das HQs criado por Stan Lee em 1962. Thor é um deus, filho do todo-poderoso Odin e irmão do traiçoeiro Loki, todos vivendo no universo mágico de Asgard. Sua arrogância, entretanto, faz com que ele quebre o acordo de paz entre seu povo e os Gigantes do Gelo. Como punição por seus atos, Odin envia o próprio filho para a Terra, sem poderes e separado de seu poderoso martelo. Aqui no nosso planeta, Thor tem a sorte de um deus e é atropelado logo por Natalie Portman, ou melhor Jane Foster, uma pesquisadora que está tentando compreender estranhos fenômenos eletromagnéticos ocorridos no céu dos Estados Unidos.

E é isso. Todo mundo sabe o que vai acontecer a partir daí, e como o herói vai provar seu valor mesmo sem poderes e tudo o mais. O diretor Kenneth Branagh filma a passagem de Thor pela Terra abusando dos planos inclinados, frisando o tempo inteiro o estranhamento de que há algo ali fora de lugar (o plano só volta à sua forma tradicional quando o herói volta a ser um deus). Mas o interesse de Branagh é claramente Asgard. O mundo dos deuses é belíssimo e uma ótima transposição de sua versão em quadrinhos. É lá que está a tragédia shakespeariana que tanto agrada ao diretor: a disputa entre irmãos pelo poder, a traição, a relação entre pai e filho. Tudo é mostrado de forma épica, com diálogos recitados à moda antiga e armaduras reluzentes. O tom da trama que se passa em Asgard é tão acertado que a parte da história passada na Terra empalidece.

Os problemas do filme começam com a quantidade imensa de questões que o diretor precisa dar conta de resolver com o herói na nossa realidade. Para começar, trata-se de um filme do Universo Marvel (de “Homem de Ferro”, “Hulk” e cia), e é preciso conectar a história com os outros filmes já lançados (e ainda preparar para o filme dos “Vingadores”, que sai no ano que vem. Atenção para a cena pós-créditos). Isso faz com que várias referências e personagens desnecessários – como o Gavião Arqueiro – tomem um tempo importante da narrativa. Como o Universo Marvel no cinema até então era uma abordagem minimamente realista da ciência, a entrada do universo mágico de Thor precisa ser explicada, e há um grande esforço dos roteiristas para colocar Asgard como uma realidade paralela (ou um outro planeta), transformando magia e ciência em sinônimos.

Como consequência, o arco dramático de Thor na Terra não é bem construído. O amadurecimento e transformação do personagem – que passa pela descoberta do amor – acontece rápido demais. Além disso, a situação cômica de um deus vivendo como humano não é suficientemente bem aproveitada, e o filme é obrigado a usar forçados alívios cômicos através de Darcy (Dennings), personagem amiga de Jane.

Natalie Portman, por sinal, não tem muito o que fazer, apesar de sua beleza e doçura ajudarem a justificar a paixão de um deus por ela. Chris Hemsworth é uma escolha acertada para Thor, possuindo a imponência e o carisma que o personagem precisa. O mesmo ocorre com Anthony Hopkins e seu Odin. Mas o grande destaque do elenco fica para Tom Hiddleston. Assim como na mitologia nórdica e nos quadrinhos, Loki é disparado o personagem mais interessante, e a interpretação do ator coloca um olhar ingênuo e uma fala pausada que nunca nos permite ter certeza das verdadeiras intenções do deus da trapaça.

No final das contas, “Thor” é uma ótima aventura e uma boa apresentação do super-herói nos cinemas. Como nas boas mitologias, é a história de uma briga de família que possui consequências épicas.

PS: O 3D convertido do filme é totalmente inútil…

 


2 respostas para “Thor”

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