O Poder e a Lei


Nossa avaliação

[xrr rating=3.5/5]

Em 1996, Matthew McConaughey fez “Tempo de Matar” e foi considerado a grande revelação do cinema americano. “O novo Paul Newman!” gritavam alguns. Os anos foram se passando e, para cada “Contato” e “Reino de Fogo” havia dezenas de “Sahara”, “Um Amor de Tesouro” e “Armações do Amor”. Ou seja, só do seu novo filme não ter a palavra “amor” no título já é algo a se comemorar. Como “O Amor e o Poder” já pertence à Rosana, o livro “Advogado de Porta de Cadeia”, de Michael Connely, virou nos cinemas “O Poder e a Lei”.

Divagações à parte, a produção é o melhor “filme de advogado” desde… “Tempo de Matar”. McConaughey é Mickey Haller, um advogado implacável que não possui um escritório tradicional: seu local de trabalho é um carro, o Lincoln que aparece no título original do filme. Acostumado a bandidos de segunda linha, ele vê uma grande oportunidade de ganhar ainda mais dinheiro ao defender um jovem milionário (Phillippe) acusado de ter espancado uma prostituta, mas que jura não ter feito nada. De moralidade dúbia, mas extremamente inteligente, Haller inicia uma investigação típica de romances de John Grisham para provar a inocência de seu cliente contra todas as evidências. E a partir daí você já sabe o que vai acontecer. Ou não?

É um bom roteiro... Mas eu só vou poder tirar a camisa em uma única cena??? E no escuro?

O interessante de “O Poder e a Lei” é que a história aproveita a estrutura típica do gênero, mas subvertendo-o com reviravoltas que quebram com as expectativas criadas até então. Quanto menos se falar sobre a trama, melhor. Mas é preciso dizer que apesar do arco dramático do protagonista permanecer o mesmo de todos os outros exemplares de advogados cinematográficos (em que os questionamentos éticos e morais de um caso transformam sua vida), aqui Haller passa por mais reviravoltas do que se poderia a princípio imaginar.

Auxiliado por um bom elenco coadjuvante, como Marisa Tomei , William H. Macy, Michael Peña e John Leguizamo  (Phillippe e Josh Lucas são o elo mais fraco, mas não comprometem), McConaughey não traz nenhuma grande atuação, mas evita a pose de galã habitual e faz bom uso de sua persona malandro. O diretor Brad Furman usa a câmera de forma tradicional, sem invencionices visuais, a não ser a abertura estilosa e a fotografia levemente saturada que dão ao filme um clima meio anos 70 (não por acaso, a era de ouro dos thrillers políticos conspiratórios).

É uma pena, entretanto, que em seu terceiro ato o filme abandone a forma inteligente com que vinha tratando o espectador e se esforce para explicar tudo nos mínimos detalhes ao mesmo tempo em que transforma um suspense intelectual em filme de ação B. Aí, toda a elegância desanda e “O Poder e a Lei” quase vira um típico filme de Matthew McConaughey. Quase.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

  • A gente
  • Home
  • Retro
  • Homeopatia
  • Overdose
  • Plantão
  • Receituário
  • Ressonância
  • Sem categoria
  • 2022
  • 2021
  • 2020
  • 2019
  • 2018
  • 2017
  • 2016
  • 2015
  • 2014
  • 2013
  • 2012
  • 2011