Transformers: O Lado Oculto da Lua


Nossa avaliação

[xrr rating=3/5]

O primeiro “Transformers” era sobre um menino e seu primeiro carro. O segundo filme era sobre nada. E este “O Lado Oculto da Lua” é sobre o primeiro emprego. Os três filmes tentam seguir uma trajetória de amadurecimento de Sam (LaBeouf), percorrendo o caminho descoberta do amor-ida pra universidade-mercado de trabalho. A guerra entre robôs gigantes como reflexo desta jornada pessoal funciona mais ou menos em “Transformers”, passa longe de dar certo em “A Vingança dos Derrotados” e esboça algum sentido neste terceiro filme. O problema é que Michael Bay não dá tempo para que os anseios de seu protagonista se reflitam na luta entre Autobots e Decepticons.

O diretor é o anti-minimalismo, e continua com sua obsessão em criar um clímax constante: tudo é grandioso e imponente, com música alta e personagens enquadrados de baixo para cima com uma luz dourada ao fundo, ressaltando seu heroísmo. Mas não é que ele está (um pouquinho) mais contido? Talvez por ter consciência de que seu estilo não combine muito com o 3D, Bay usa em algumas cenas de ação planos mais abertos e muita câmera lenta, buscando mostrar detalhes que antes passavam despercebidos em meio à sua cacofonia imagética. Isso permite que algumas cenas sejam melhor experenciadas. Aí se destacam a transformação de Bumblebee no ar enquanto carrega Sam e o momento em que a câmera segue um soldado em queda livre de um prédio, permitindo ao diretor criar uma sequência de tirar o fôlego que ele não fazia desde aquela em que acompanhava uma bomba caindo em “Pearl Harbor”.

Mas apesar destes bons momentos, o que ainda prevalece é a montagem epiléptica em que muitas vezes fica difícil de compreender o que acontece em cena, principalmente nos combates entre robôs (e para tentar ajudar o público, o diretor apostou em uma diferenciação pela cor: robôs coloridos são os bonzinhos, cinzas são os malvadões). Talvez escaldado pelas críticas do filme anterior, Bay dá mais espaço para desenvolvimento de personagens e para contar a história – se é que se pode falar em personagens e história em um filme desses. O diretor até que tenta, mas ele não sabe conduzir momentos de calmaria e introspecção, e o que acaba acontecendo é que ao mesmo tempo em que você cansa da ação incessante, fica entediado quando não tem ação. Não ajuda também o filme ser concebido a partir das cenas de impacto, com um fiapo de historia inverossímel – temperado com um descarado discurso direitoso – ligando uma explosão à outra.

O roteiro usa um pano de fundo real, mas é cheio de buracos e possui um desenvolvimento e reviravoltas muito bruscos, recheado por personagens que dão um exagerado alívio cômico, mas não ajudam a narrativa andar (Ken Jeong e John Malkovich precisavam mesmo pagar as contas…). Agora a guerra entre Autobots e Decepticons atinge uma escala mundial, com os robôs do mal tentando dominar o mundo enquanto a turminha de sempre tenta impedir. O resultado é um verdadeiro parque de diversões: divertido, exagerado e bobo.

“Transformers: O Lado Oculto da Lua” aposta no fetiche masculino por carros e mulheres bonitas. Além dos robôs, existem vários automóveis que são enquadrados como corpos femininos, especialmente na cena em que Sam conhece Dylan (Dempsey), um milionário colecionador de carros: a câmera viaja pelas curvas das máquinas em uma sequência quase sensual para, em seguida, acompanhar o corpo de Rosie Huntington-Whiteley, enquanto Dylan descreve a beleza de um de seus veículos.

Falando na moça, nunca pensei que fosse escrever isso, mas Megan Fox não faz falta. Whiteley preenche bem a cota de mulher-objeto em trajes sumários que faz de Sam o loser mais pegador da história. Péssima atriz, ela ainda entrega alguns constrangedores momentos de pausas dramáticas em que olha para as explosões e destruição ao redor como se tivesse na sua cabeça uma ampulheta do Windows rodando e escrito “carregando…”. LaBeouf, por sua vez, continua com as mesmas caretas e gritinhos dos outros filmes, já que o seu Sam não passou por nenhuma evolução psicológica depois de já ter salvo o mundo duas vezes.

Apesar dos pesares, os personagens principais funcionam e têm carisma suficiente para segurar o filme. Os efeitos especiais continuam embasbacantes, o 3D é sensacional e a produção consegue empolgar. Se você gostou do primeiro “Transformers”, não tem muito erro. Vai se divertir bastante com este aqui. De preferência no telão do Imax.


2 respostas para “Transformers: O Lado Oculto da Lua”

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