Amanhã Nunca Mais


Nossa avaliação

[xrr rating=3/5]

“O Lázaro Ramos é bom em qualquer coisa que ele faz, mas o filme não é tão bom quanto a atuação dele. Acertei?”.  A frase que basicamente resume o que é “Amanhã Nunca Mais” é do nosso eventual colaborador e eterno editor Daniel Oliveira. O detalhe é que ele não assistiu ao filme.

Sua capacidade de fazer um diagnóstico sem ter visto a obra revela um pouco da previsibilidade da produção estrela por Lázaro Ramos e dirigida pelo estreante Tadeu Jungle. Não que “Amanhã Nunca Mais” seja um filme ruim.  O diretor constrói planos interessantes e consegue criar uma atmosfera angustiante para fazer uma espécie de “Depois de Horas” paulistano.  Walter (Ramos) é um anestesista que tenta desesperadamente chegar em casa durante a noite do aniversário da filha, com a missão de levar o bolo encomendado para a festa.

Nesta noite inacreditável, ele é impedido de alcançar seu objetivo por diferentes personagens, como se fossem fases de um videogame que precisam ser aos poucos superadas. E não há como negar que São Paulo é a cidade perfeita para estabelecer o cenário dessa situação. O problema é que o roteiro escrito pelo diretor em conjunto com Marcelo Muller e Mauricio Arruda não ajuda.

Diferente do “Depois de Horas” de Scorsese, que se passa todo em uma única noite, “Amanhã Nunca Mais” começa uma semana antes dos eventos principais, o que neste caso é uma decisão acertada para apresentar a irritante passividade do personagem que será tão importante para justificar sua inépcia para chegar ao aniversário da filha. Mas se gasta muito tempo estabelecendo quem é Walter, o filme não consegue desenvolver todos os coadjuvantes com os quais ele vai encontrar. Pior, suas ações ao longo da noite não possuem consequências no futuro: são apenas momentâneas, servindo exclusivamente para atrasá-lo, o que acaba por enfraquecer a coerência da trama.

Mas talvez o principal problema seja mesmo seu protagonista. Sim, Lázaro Ramos está ótimo, mas seu Walter é tão passivo que não ganha a identificação do espectador. Isso faz com que não consigamos compreender os motivos que o levam a fazer tudo aquilo: ele quer levar o bolo para se tornar mais presente na família, para se reconciliar com a esposa ou apenas para provar a si mesmo que consegue? Da mesma forma, a torcida nunca é por ele, mas pelo bolo. Nossa preocupação maior não é para que Walter se saia bem, mas para que a festa de sua filha não seja estragada. A angústia vem daí, e não pelo nosso mergulho na trajetória do personagem. “Amanhã Nunca Mais” é cheio de boas intenções, mas como o próprio Walter nos mostra, isso não é o bastante.


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