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O primeiro “Homens de Preto” era uma explosão de criatividade: história interessante, personagens carismáticos, direção de arte curiosa, efeitos especiais divertidos. Tudo isso equilibrado e contando com um diferencial capaz de transformar um filme legal em um estrondoso sucesso: a novidade chamada Will Smith.
Em plena ascensão na carreira, Smith mostrava pela primeira vez para muita gente um tipo de humor que se tornaria sua marca registrada, e “Homens de Preto” investia no contraponto com o jeitão sisudo de Tommy Lee Jones para criar as melhores situações do filme. Aquilo que deu certo no primeiro tenta ser repetido em “Homens de Preto 3”. Mas como recuperar a originalidade, já que todo mundo conhece os personagens e Will Smith já deixou de ser novidade há muito tempo?
A solução foi arrumar uma viagem no tempo. Um alien asqueroso chamado Boris (Clement) volta no tempo para eliminar K quando este era ainda um agente júnior do MIB. Ao perceber que seu parceiro simplesmente deixou de existir, J volta para o ano de 1969, onde vai tentar impedir o plano de Boris e acaba conhecendo a versão mais jovem de Tommy Lee Jones: Josh Brolin. Pronto, está criado o sopro de novidade na relação entre os dois agentes. O impressionante é como Brolin se tornou um jovem K, copiando todos os trejeitos e a dicção de Jones, mas trazendo um ar mais jovial para eles: com isso, acaba se tornando o grande destaque de “Homens de Preto 3”, conseguindo roubar todas as cenas que compartilha com Smith.
A ambientação no final dos anos 60 traz a possibilidade de inovações na direção de arte e toda uma nova gama de extraterrestres, mas o filme não explora todo o potencial da cultura hippie e da arte pop: afinal, haveria uma época mais confortável para os aliens se misturarem aos humanos do que a virada dos 60 para os 70? Apesar de uma ótima sacada envolvendo Andy Warhol, o roteiro prefere se concentrar em um cansativo personagem que vê todos os futuros prováveis (Stuhlbarg), o que acaba parecendo uma ferramenta preguiçosa para resolver algumas questões da trama.
Mais interessante do que engraçado, o filme tem bom ritmo, cenas de ação divertidas, algumas surpresas e um esforço gigantesco de Will Smith para te fazer rir a cada frase. O problema é que poucas piadas funcionam, o aparelho para viajar no tempo acaba sendo responsável por alguns furos de roteiro (se ele pode sempre voltar no tempo, toda a trama perde o sentido: basta voltar para antes de tudo acontecer e resolver a situação) e o ótimo vilão é pouco aproveitado. “Homens de Preto 3” consegue ser superior ao segundo, e isso se deve mais a Brolin do que Smith. É divertido, passa rápido e não incomoda. Mas podia ser muito mais.