Show: Los Hermanos @ Chevrolet Hall – Belo Horizonte


Nossa avaliação

Reunião de 'família' - Foto: Thiago Costoli

 

Já faz algum tempo, bater nos Los Hermanos se tornou um esporte apreciado por muitos. Os detratores acusam a banda de ser pretensiosa, tiram sarro das barbas proféticas e implicam até com os namoros dos integrantes do grupo (pobre Malu).

Há ainda os que associam os Loser Manos (rá rá) a uma suposta esquerda pé-de-chinelo de universidade (na verdade, parece que tudo ligado à alcunha “universitário” é digno de ser execrado, vide o sertanejo e o pagode do tipo – não vejo a hora de surgir o funk universitário). É claro que o perfil da banda, a imagem construída por seus integrantes e a mistura de rock com ritmos brasileiros constroem uma identidade e um posicionamento, mas é curioso notar que não há, na curta discografia da banda, sequer uma música que denote um engajamento político explícito.

A pior das críticas feitas à trupe, no entanto, é aquela que implica com seus fãs. Esses seriam chatos, maconheiros, fanáticos demais, barbudos demais. Os Los Hermanos têm fãs chatos? Sim, claro. Como qualquer banda. Ok, os adoradores mais fervorosos do grupo carioca podem ser mais irritantes do que a média. Mas, se você é do tipo que julga uma banda pelos seus fãs mais xiitas, amigo, o problema é seu.

E os fãs mineiros, chatos ou não, reuniram-se na noite do dia 21 para receber o último show comemorativo dos 15 anos dos Los Hermanos em terras belo-horizontinas. A fila para o Chevrolet Hall, que dava voltas em frente ao Pátio Savassi, deixava evidente que os dois dias anteriores não haviam sido suficientes para abrigar o público do quarteto. E que me desculpem os implicantes, mas o show foi apenas mais uma prova da importância da banda no cenário musical brasileiro.

Se os Raimundos marcaram os anos 90 pela união de hardcore e forró em suas composições, os Los Hermanos alcançaram o posto de banda brasileira definitiva dos anos 00 com a mistura de rock e samba que influenciaria tantos outros grupos. E juntar Weezer com Chico Buarque não é fácil.

Hermano Amarante - Foto: Thiago Costoli

Com quatro discos na bagagem, a banda não teve dificuldades em agradar a plateia, empilhando uma canção boa atrás da outra, e deixando evidente o porquê de tanto culto. Do rock leve de “O Vencedor”, passando pela chico-buarquiana “A outra” e pela gostosa “Morena”, até a circense “Mais uma Canção”, os Hermanos atravessaram todas as fases da carreira.

No palco, completamente à vontade, o grupo tocava com a descontração de um ensaio e executava as músicas de maneira fiel às gravações de estúdio. Os telões, simples mais eficientes, transmitiam imagens de câmeras próximas a cada um dos integrantes, alternando entre captar o rosto ora angustiado, ora sorridente de Marcelo Camelo, a dança desengonçada de Rodrigo Amarante, o sorriso bonachão de Rodrigo Barba na bateria e a timidez do tecladista Bruno Medina.

Raras foram as canções que não tiveram acompanhamento. Dentre elas, “Um milhão”, nova composição de Amarante, ainda pouco conhecida. Já nos outros momentos, como na dolorosa “A Flor”, que dividiu os vocais e os telões entre Camelo e Amarante e juntou o público em uníssono, a sensação era de que todos conheciam o repertório completo (sem ouvir as músicas da banda há um bom tempo, sabia que me sentiria meio deslocado; em vários momentos, enquanto o público já cantava cada palavra das canções, meu cérebro ainda estava naquela fase de “mas que música é essa, mesmo?”). As passagens mais intimistas, como “Sentimental”, beiraram a perfeição.

Hermano Camelo - Foto: Thiago Costoli

Já as músicas do primeiro disco, como “Descoberta” e “Pierrot” valeram mais pela energia e pela nostalgia “good old days”. No bis, mostrando que o trauma foi completamente superado, Anna Júlia, a “Creep” dos Los Hermanos, deu as caras e levantou a plateia (o que, na verdade, foi uma constante em toda a noite).

Após Amarante ir pra galera ao final do show e o carnaval belo-horizontino de maio, praticamente uma micareta sem axé, ter seu fim, resta aguardar uma possível nova turnê dos Hermanos no futuro, já que a banda vem funcionando no esquema da “volta dos que não foram”. Quem sabe, eles ainda lançam um novo álbum. Haters gonna hate, mas deixa estar.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

  • A gente
  • Home
  • Retro
  • Homeopatia
  • Overdose
  • Plantão
  • Receituário
  • Ressonância
  • Sem categoria
  • 2022
  • 2021
  • 2020
  • 2019
  • 2018
  • 2017
  • 2016
  • 2015
  • 2014
  • 2013
  • 2012
  • 2011