Entrevista: Mariana Ximenes


Nossa avaliação

Simpática, Mariana Ximenes faz questão de decorar o nome do jornalista que irá entrevistá-la e nem parece afetada pelo caótico trânsito de São Paulo numa manhã de muita chuva. Atriz de comerciais desde criança, estrela de telenovelas e com experiência no cinema desde 1998, ela conversou animada com o Pílula Pop sobre “Os Penetras”, filme em que interpreta a misteriosa Laura.

Mariana falou sobre como foi trabalhar com os comediantes Marcelo Adnet e Eduardo Sterblicht, a importância do ensaio e a atração do público por personagens de caráter duvidoso. Sempre muito bem-humorada.

O que te atraiu para participar de “Os Penetras”?

-Primeiro a comédia. É um gênero que eu pratiquei pouco, e é pelas mãos do Andrucha (Waddington, diretor do filme) que é um amigo que eu tenho há 11 anos e sempre adorei os filmes dele, que tinham uma outra linguagem. Completamente diferente. Tudo muito diferente do que ele se propôs agora. Então eu falei ‘nossa, um desafio pra ele e também pra mim’. É clichê essa palavra ‘desafio’ mas é também uma imersão num outro gênero. E é uma forma de exercitar um outro viés na minha carreira. Ao mesmo tempo também não é um papel tão cômico assim. Mas eu iria conviver com comediantes e, lógico, eu adoro observar e eu também não sou boba, tô ali prestando atenção: o Adnet e o Dudu (Eduardo Sterblicht) são gênios! Eles têm um conhecimento e uma sabedoria para o gênero que é especial. Apesar deles não serem só comediantes. Eles são atores. Mas eles são muito especiais. Eu pude observar isso nas filmagens, mas sobretudo nos ensaios. Já na leitura (do roteiro) era impressionante de ver a desenvoltura deles e a capacidade de improvisação e criatividade. Quando eu recebo um projeto, eu sempre analiso o roteiro claro, mas também quem está envolvido. Porque filme é equipe. Você começa a conviver muito e depende dos outros pra realizar o seu trabalho.  E isso é uma delícia. Você ser jogada num processo com pessoas boas de trabalhar.

Sobre esse improviso. Como foi o trabalho de atuação e de seguir o texto com o Adnet e o Sterblicht? Em algum momento durante as filmagens os dois saíram dos trilhos e…

– Você sabe que não? Nos ensaios sim, mas na filmagem não. Até porque tem um roteiro muito amarradinho. Eles também são bons atores. Ao mesmo tempo o Andrucha permitiu essa experimentação nos ensaios. Ele deu essa permissão pra gente.

O processo dos improvisos comprometeu ou ajudou a chegar ao resultado final?

– Ensaio nunca compromete. Você cria, você tem permissão pra tudo. Quando chega no set você tem que lidar com a locação, com a luz, com outros atores.  Com todas as condições de um set de filmagem. Com a câmera! Porque também não adianta você não fazer o jogo com a câmera. Não que você tenha que ficar pensando na câmera. Não é isso. Eu não me preocupo com a câmera. Mas fico atenta. Porque o jogo também tem que estar lá. Porque se você se fechar num jogo seu individual, egoísta, não transborda. E na verdade você tem que fazer pra você claro, pro jogo cênico acontecer. Mas ao mesmo tempo tem que atingir o espectador. Mas eu nunca penso nisso… isso tá aí, eu sei que ta aí, estou atenta, numa visão periférica, sabe. E o ensaio te deixa segura pra magia acontecer. Eu adoro ensaiar. Adoro o processo de criação. Isso me instiga demais.

Você está em um filme que é uma comédia e também fazendo comédia na televisão (na novela “Guerra dos Sexos”). É uma tentativa de levar a carreira pra esse lado?

– Eu fiz pouco (comédia). Na verdade, eu flertei muito com a comédia no teatro. E o Andrucha as referências que ele usou foram Mario Monicelli (roteirista e diretor italiano), que é um humor muito sofisticado. E ao mesmo tempo humor, comédia. Estou feliz de estar podendo passar por esse universo. Acho gostoso fazer um pouquinho de tudo.

A Laura é um personagem moralmente ambíguo. Houve uma preocupação em dosar este “mau-caratismo” para não ir muito em direção a se tornar uma vilã?

– Na verdade a gente não pensou muito nisso. Pensamos na história e no perfil. Ela é escrota, bota os três no bolso (o Dudu, o Adnet e o Luiz Gustavo). Ela bota todo mundo no bolso (risos), é muito safa, muito esperta. Mas não tem essa nomenclatura vilã. Ela é escrota, mas ela joga  e ela manipula o jogo. Não sei qual o melhor nome pra quem manipula o jogo. Acho que tem uma apreciação em personagens que são mau-caráter. Por exemplo: todo mundo idolatrando a Carminha (vilã da novela “Avenida Brasil”). Normal, foi um grande personagem, um marco na televisão brasileira. Adriana Esteves fez um personagem brilhante, com um carisma absurdo, mas ela é uma vilã. E eu não sei em qual viés, se é uma identificação, se é uma apreciação…


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