Frankenweenie


Nossa avaliação

[xrr rating=4.5/5]

Já virou lugar-comum citar expressionismo alemão, filmes de terror da Universal dos anos 30 e as produções da Hammer ao falar de Tim Burton. Mas em “Frankenweenie” o diretor vai além e homenageia a si mesmo: “Ed Wood”, “Edward Mãos de Tesoura” e, sim, “Batman”. Apesar de que obviamente a maior inspiração é o “Frankenstein” de 1931.

Baseada em um curta que o próprio Burton fez em 1984, a animação em stop-motion se passa em uma época não-específica (parece os anos 50, mas há várias referências ao nosso presente) para contar a história do menino Victor e seu cãozinho Sparky, que acaba morrendo atropelado. Desolado com a morte do cachorro, o garoto dá uma de Dr. Frankenstein e faz com que seu animal de estimação retorne à vida.

Esta premissa mórbida é quase uma desculpa para um filme à moda antiga, com um tempo próprio, sem muita preocupação em oferecer um espetáculo pirotécnico. Uma comédia para cinéfilos e nostálgicos com uma melancolia infantil que, apesar de um pouco perturbadora, é bem eficaz. Trata-se de uma bela homenagem ao cinema, com o humor sinistro do diretor e alguns momentos que podem ser verdadeiramente assustadores para as crianças. Aliás, é complicado classificar o filme como infantil, já que se trata de uma obra em preto e branco com violação de sepulturas e profanação de cadáveres.

Turminha... err... exótica.

Mas o amor de um garoto por seu cão é universal e de fácil identificação: a diferença é que aqui ele é apresentado por uma perspectiva mórbido-fantasiosa e cheia de homenagens cinéfilas. O ídolo do diretor, Vincent Price, empresta as feições ao ídolo de Victor, o professor de ciência que irá abrir a mente do garoto (assim como o cinema abriu a do jovem Burton). Boris Karloff também tem seu rosto copiado em Nassor e várias outras referências estão por todos os cantos (até Ramones!). Tudo conduzido com muito carinho, fazendo com que realmente nos importemos e simpatizemos com os personagens.

A história sensível, que lembra os filmes mais intimistas de Burton, vai num crescente rumo às obsessões do diretor em um clímax que homenageia de “Godzilla” aos “Gremlins”. Nesse momento o filme perde a proposta inicial e se transforma em outra coisa – igualmente divertida – mas que parece deslocada. Nessa hora finalmente o Burton fã toma conta do Burton cineasta (algo que vem acontecendo bastante em seus últimos trabalhos). Mas a escorregadela não tira o brilho dessa espécie de “Os Goonies” góticos. Quer dizer, isso se o Mikey dos Goonies fosse um garoto introspectivo, sem amigos e que preferisse ficar sozinho no sótão fazendo filmes em Super 8 do que sair em alguma caça ao tesouro. Ok, quem eu estou querendo enganar. “Frankenweenie” não é sobre um garotinho vivendo uma aventura no subúrbio. É sobre Tim Burton. E sobre como a magia do cinema pode trazer os mortos de volta à vida.

Principalmente quando se trata dos grandes astros do terror do passado.


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