Os Penetras


Nossa avaliação

[xrr rating=3/5]

Trambiqueiro engana rapaz ingênuo, se apaixona por mulher misteriosa e prepara um golpe final. A frase resume bem a trama de “Os Penetras” e deixa claro o lugar-comum sobre o qual o filme foi construído. Não que exista a pretensão de ser original: quase uma versão brasileira modernizada de “Os Safados”, a proposta aqui é fazer rir fugindo da fórmula de esquetes das comédias do país. Se por um lado consegue provocar risos através de situações do roteiro que ajudam a história andar, por outro estas risadas não são tão constantes como deveriam.

Apoiado no carisma e talento da dupla Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch, o filme começa estabelecendo muito bem o caráter de seus personagens, algo que é essencial para o desenrolar da trama. Assim, sabemos que Marco Polo (Adnet) é um malandro carioca egoísta que quer tomar o dinheiro das pessoas a qualquer custo. Entra em cena Beto (Stelbstch), um rapaz do interior que está desesperado atrás da mulher que ele ama. Fechando o triângulo surge a sedutora Laura (Ximenes), uma mulher que pode não ser aquilo que aparenta.

O diretor Andrucha Waddington, em sua primeira comédia, compõe belos planos e segura o ritmo em sequências divertidas como o baile, a blitz policial e o réveillon. O texto fluído e os movimentos de câmera elegantes ajudam na transição da comédia descarada para o bromance que pontua a narrativa. Mas a irregularidade domina o filme, que perde muito quando não tem a dupla principal em cena. Enquanto o arco dramático de Marco Polo é bem desenvolvido (a “penetrada” final não é mais por dinheiro, mas por amor), o de Beto acontece de forma abrupta e nada convincente, em que o rapaz triste muda de repente, mais para se encaixar no clímax programado do que por características próprias de sua personalidade. Da mesma forma, a subtrama envolvendo um astro internacional nunca diz a que veio, servindo mais como muleta narrativa e, aí sim, lembrando a estrutura dos esquetes.

Um respiro em meio às formulaicas comédias brasileiras e contando com um ótimo elenco, “Os Penetras” não é nem bom e nem ruim. Muitas piadas funcionam, mas várias também não dão certo. Alguns maneirismos de Adnet e Sterblitch se revelam em diversos momentos, muitas vezes chamando tanta atenção que quebram o clima da cena, prejudicando o humor proposto. Não deve nada aos enlatados americanos que chegam todos os meses aos nossos cinemas – e está muito acima dos filmes do Adam Sandler e Agamenons da vida – mas pelos talentos envolvidos, poderia ser muito mais. Pelo que mostra o final em aberto, deve ficar para a próxima.


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