O Grande Mestre


Nossa avaliação
The Grandmaster (2013)
The Grandmaster poster Direção: Kar-Wai Wong
Elenco: Tony Chiu-Wai Leung, Cung Le, Qingxiang Wang, Elvis Tsui


Wong Kar Wai é um esteta. Seus filmes são belíssimos, os planos se apresentam como quadros pintados com luz, criando um efeito quase hipnotizante no espectador. “O Grande Mestre” não é exceção, e da sensacional cena de luta na chuva do início até a conclusão com movimentos plásticos na neve, o filme é visualmente fascinante. Pena que não saiba que história quer contar.

A produção pretende contar a história de Yip Man, lutador de Wing Chun e que foi mestre de Bruce Lee. Mas ao invés de focar apenas em seu personagem-título, o filme abre o escopo para traçar um panorama da China da primeira metade do século XX e de quebra mostrar como as artes marciais foram aos poucos saindo das ruas e das tradições familiares para se perderem, sobrevivendo apenas em academias. Tony Leung demonstra a competência habitual como Ip, e a Gong de Zhang Ziyi acaba se revelando a figura mais interessante do longa, uma mulher que abre mão de toda uma vida pela vingança. A dinâmica entre os dois funciona, mas é pouca explorada, além de revelar o problema de foco de “O Grande Mestre”.

A narrativa se fragmenta demais, deixando a história confusa, muitas vezes com idas e vindas no tempo que se revelam desnecessárias. Personagens que surgem do nada – apesar de sua relevância histórica (como o Navalha) – também são um problema, nunca dizendo a que vieram. De repente, blocos de texto passam a integrar a narração, apesar de não serem usados durante a primeira metade da trama. Com tudo isso há uma sensação constante de que a obra se prolonga demais naquilo que não nos interessa e que passa muito rápido nos momentos em que deveria se aprofundar.

Entretanto se trata de um contexto histórico que vale a pena conhecer, e os fãs de artes marciais vão se impressionar mais uma vez com as coreografias de Yuen Wu Ping. O problema é que, sem saber muito bem o que dizer, as lutas começam a cansar, e o que sobra é só a beleza das imagens. Não é pouca coisa. Mas esperava-se mais da sensibilidade de Wong Kar Wai.


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