Ender’s Game (2013) | |
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Direção: Gavin Hood Elenco: Asa Butterfield, Harrison Ford, Hailee Steinfeld, Abigail Breslin |
Uma raça alienígena ataca a Terra e somos salvos apenas pelo ato heroico de um piloto de avião. Durante o período pós-guerra, crianças são treinadas em busca do soldado perfeito que poderá acabar com a ameaça dos Formics de uma vez por todas. Como toda boa ficção científica, o livro “O Jogo do Exterminador”, de Orson Scott Card, utilizava a fantasia como forma de compreensão da nossa sociedade. Esta releitura da Guerra Fria precisou, entretanto, ser atualizada no filme de mesmo nome, e o resultado, apesar de desequilibrado, acaba sendo satisfatório.
Ender (Butterfield) é o garoto-prodígio que tem a confiança do coronel Graff (Ford) e parte para um massacrante treinamento do exército internacional. E esta é a parte mais interessante de “O Jogo do Exterminador”, em que uma mistura de “Nascido para Matar” com “Tropas Estelares” e filmes de colegial (com direito à divisão de casas) vai aos poucos revelando as várias camadas da sua história. A premissa da Guerra Fria continua lá, mas a trama se revela nos dias hoje muito mais como um comentário a respeito das relações online e a capacidade cada vez maior de ferir alguém à distância. De comentários maldosos na internet às guerras “limpas” dos Estados Unidos, “O Jogo do Exterminador” é um amplo retrato da contemporaneidade.
Curiosamente, é logo quando assume seu caráter de videogame (com Ender controlando o “jogo” em várias simulações) que o filme começa a perder força. E deságua em um final que, apesar de fiel ao livro, não combina com o tom que a produção vinha propondo até então. A direção de Gavin Hood não consegue tirar o máximo de seu elenco, e apesar de ser ótimo ver Harrison Ford voltar ao espaço, a verdade é que ator parece no automático, apenas resmungando de um lado para o outro. O treinamento também acontece rápido demais, com saltos que tornam difícil acreditar em tal evolução dos personagens.
Mas a atmosfera criada funciona, e a história é interessante o suficiente para te pregar na cadeira. Contando com algumas surpresas que parecem forçadas graças à pressa do roteiro, “O Jogo do Exterminador”, felizmente, não é um filme para crianças. É um filme sobre crianças. Mais do que isso, é um filme sobre o fim da infância. E sobre a perda da inocência, e o preço do amadurecimento. Seja este o amadurecimento de uma pessoa, ou de uma nação.