X-Men: Dias de um Futuro Esquecido


Nossa avaliação
X-Men: Days of Future Past (2014)
X-Men: Days of Future Past poster Direção: Bryan Singer
Elenco: Hugh Jackman, James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence


As produções milionárias de filmes de super-heróis com franquias de múltiplos longas vão durar mais de trinta anos (já tem filme confirmado para até 2028!) e se estendem para séries de televisão, participações em outros filmes, curtas metragens, cenas pós-créditos, seriados para internet, e seja lá mais o quê.

Mesmo rentável o gênero sofre no cinema o mesmo problema que sofre no seu veículo de origem, os quadrinhos: os heróis nunca vão envelhecer, mas as histórias sim (e no caso do cinema, os atores também) e é sempre preciso renovar o público.

Nas HQs se faz mega crossovers, sagas gigantescas, mortes, retornos e reboots, para laçar novos leitores e segurar os antigos. O cinema também chegou, tão rápido, a esse fatídico ponto: Hulk, Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, Superman, tiveram seus reboots para renovar as histórias que tão rápido ficaram velhas.

Mas o diretor Bryan Singer apostou que não é só o reboot a salvação para dar novo ânimo às histórias de super-heróis no cinema. Ele renovou uma franquia de 14 anos, cheia de altos e baixos, com um único tema, a viagem no tempo, com o filme: “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido”, adaptado dos quadrinhos de mesmo nome pelo roteirista Chris Claremont e pelo desenhista John Byrne.

“Dias de um Futuro Esquecido” é o grande épico dos filmes dos mutantes. Exagero compará-lo ao filme “Os Vingadores” (2012), mas toma para si uma responsabilidade similar, quando junta duas gerações dos X-Men em apenas um filme.

A trama começa no ano de 2023, um futuro completamente caótico e destruído. Mutantes, humanos simpatizantes aos mutantes e até humanos que carregavam em seu DNA a possibilidade de terem filhos e netos mutantes eram presos em centros de concentração ou simplesmente mortos. Um poder totalitário era imposto ao mundo inteiro, controlado pelos Sentinelas, robôs orgânicos com capacidade de rastrear o gene X.

Grupos de resistências mutantes foram criados para combater os Sentinelas. Um desses grupos é formados pelos remanescentes dos X-Men, Professor Charles Xavier (Patrick Stewart), Magneto (Ian McKellen), Wolverine (Hugh Jackman), Tempestade (Halle Berry), Homem de Gelo (Shawn Ashmore), Kitty Pride (Ellen Page) e Colossus (Daniel Cudmore), com a adição de Bishop (Omar Sy), Mancha Solar (Adan Canto), Apache (Booboo Stewart) e Blink (Bingbing Fan).

No filme, assim como nos quadrinhos, o poder de Kitty evolui tanto que ela passa a ter a capacidade de, não só atravessar paredes, mas também de atravessar o tempo podendo voltar para o passado. Esse seu poder é a principal arma do grupo contra os Sentinelas.

Mas é preciso não apenas remediar ataques mais cortar o mal pela raiz. Professor Xavier decide, então, ir para o passado, 50 anos atrás, para mudar o futuro. Como uma viagem longa poderia matar Xavier, a consciência de Wolverine é que é enviada para o corpo dele no ano de 1973. Sua missão é juntar o jovem Charles Xavier (James McAvoy), depressivo e dependente químico, e o jovem Magneto (Michael Fassbender), assassino e terrorista, e impedir que Mística (Jennifer Lawrence) mate Bolivar Trask (Peter Dinklage), o criador dos Sentinelas, pois essa morte é o ponto de partida para o governo alavancar as pesquisas iniciadas por Trask até chegar a dizimação da raça mutante nos 50 anos seguintes.

“Dias de um Futuro Esquecido” não é apenas um filme sobre racismo e intolerância, temas abordados nos dois outros filmes dos mutantes que Singer dirigiu, “X-Men” (2000) e “X-Men 2” (2003), mas é principalmente um filme sobre segundas chances. Xavier tem uma segunda chance de se livrar da depressão e ter esperança muito antes do que poderia, Magneto tem a segunda chance de tentar ser um homem mais tolerante, Mística tem uma segunda chance de não ser uma assassina. E o diretor Bryan Singer também tem a sua segunda chance para dar vida nova à franquia. Uns conseguiram aproveitar a segunda chance, outros não. Para sorte dos fãs de cinema, Singer foi muito bem sucedido.

“Dias de um Futuro Esquecido” não é um apenas um filme perdido no meio da cronologia, é claramente a sequência de “X-Men: Primeira Classe” (2011) que mostra o início dos X-Men, a transformação de Charles Xavier, de um jovem egocêntrico para algo similar ao líder que ele será no futuro. É o segundo filme de uma trilogia que terminará em 2016, com “X-Men: Apocalypse”, quando, finalmente a nova equipe de X-Men será formada para continuar em novas histórias.

Mesmo se tratando de uma sequencia de “Primeira Classe”, “Dia de um Futuro Esquecido” melhora muito na construção dos personagens, principalmente Mística e Xavier. E Mercúrio (Evan Peters) faz apenas uma ponta (extremamente importante) e é responsável pela cena mais divertida e bem montada de todo o filme. Claro, o “uniforme” (que não é bem um uniforme, apenas uma roupa civil “cool”) de Mercúrio é ridículo, uma mistura estranha de Lady Gaga com um astronauta new wave fã de Pink Floyd. Isso porque os direitos de uso do personagem são divididos entre a Marvel Studios e a Fox, dessa forma o estúdio da raposa não pode usar o uniforme de Mercúrio, o nome do personagem (que invés de Pietro se chama Peter no filme), nem mencionar sua coligação com os Vingadores.

Mas as sequências de alta velocidade, cobrem qualquer tipo de problema. São ótimas. Além de, claro, um diálogo que vai deixar todo fã de quadrinhos eufórico. Algo que tem a ver com os “parentescos”…

Não há um vilão estabelecido na trama. Fica evidente que no futuro são os Sentinelas, mas no passado é mais incerto quem está com este papel. Bolivar Trask é o grande vilão do filme. Porém, há momentos que a linha fica tão tênue que Mística passa a ser a principal vilã. E Magneto e até o próprio Charles Xavier, com sua depressão, são uma ameaça.

O final é o melhor dos sete filmes dos X-Men. Ao mesmo tempo é mostrado o desfecho dos acontecimentos do passado e do futuro, se intercalando até uma espécie de “suspiro final” nos dois tempos.

O clima de “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” é pesado. Na maior parte do tempo não é tão escuro e sombrio como os primeiros filmes da série, mas há uma constante falta de esperança de todos os lados. Parece que voltar ao passado para resolver um problema não é tão possível assim, tudo pode piorar, tudo pode acontecer de forma mais catastrófica ainda e Singer consegue mostrar isso take a take.

“Dia de um Futuro Esquecido” não é otimista. Aliás, é o primeiro filme dos X-Men que não é otimista. Em todos os anteriores o público já sabia no segundo ato que tudo daria certo no final. Já neste a esperança é vagarosamente construída junto com o personagem do jovem Charles Xavier – interpretado tão bem por McAvoy quanto por Stewart.

Os personagens não se acotovelam na tela do cinema. Cada um tem o seu espaço. Wolverine, a grande estrela dos filmes dos X-Men, está no filme mas não chama toda a atenção para si. Charles Xavier é, em definitivo, o protagonista dessa trilogia. Wolverine, aqui, é só um “observador”, aquela peça responsável pela coesão do futuro com o passado, já muito conhecido pelos fãs que gostam de histórias sobre viagem no tempo.

O diretor Bryan Singer faz também um ótimo trabalho ao explicar seus padrões para a viagem temporal. Não precisa ser superfã de “De Volta para o Futuro” e “O Exterminador do Futuro” para compreender as mudanças cronológicas ali estabelecidas. Mudanças que são descortinadas e dadas como um brinde aos saudosistas dos filmes clássicos dos X-Men.

Nenhum filme anterior é esquecido, “X-Men” (2000), “X-Men 2” (2003), “X-Men: O Confronto Final” (2006), “X-Men Origens: Wolverione” (2009), “Wolverine: Imortal” (2013), todos aparecem, sejam em referência ou em algum flash, simplesmente com a ideia de lembrá-los para depois receber um convite para esquecê-los.

Por falar em filmes antigos, “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” resolve honestamente os problemas da antiga trilogia, principalmente de “O Confronto Final”. Dá pra sair satisfeito do cinema.

Mas os exigentes vão continuar tendo assuntos para reclamar. Um deles serão as possibilidades futuras da franquia, pois não sabemos mais como os X-Men se formaram, e como serão as ameaças daqui para frente.

O maior problema do filme é reflexo de uma de suas qualidades: a incerteza. A Fox criou um recomeço para a série, mas se esqueceu de puxar os ganchos para a franquia. Dessa maneira, a cena pós-credito (aguardada por mostrar o vilão Apocalypse) é completamente descartável, mesmo sendo bonita aos olhos.

Em “X-Men: Dia de um Futuro Esquecido” a Fox conseguiu subir o patamar e terá que se esforçar para não tropeçar novamente, mesmo aparentemente não dando tanta atenção para um universo maior como a Marvel Studios e a Sony fazem.

Mas essa incerteza afeta até Wolverine. O que é ótimo para o personagem que agora pode ser vivido tranquilamente por outro ator, que terá a liberdade de construir um personagem novo, do zero.

Vale lembrar que Hugh Jackman fará o Wolverine mais uma vez em “Wolverine 3”, que estreia em 2017. O filme deve ser uma adaptação da saga “O Velho Logan”, se passando, também, em algum ponto do futuro e não interferindo nos acontecimentos pós “Dias de um Futuro Esquecido”.


2 respostas para “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido”

  1. A única coisa meio paia desses filmes é como eles reduziram a importância dos papéis femininos em todos os filmes. As X-Woman são f*da, todas muito mais interessantes do que no filme. Basta ver o que fizeram com a Vampira (que nos quadrinhos e no desenho é demais!!!) mas fica totalmente apagada nos filmes. Tempestade, mesma coisa… Até Jean Grey ficou menos interessante…

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