Pixels


Nossa avaliação
Pixels (2015)
Pixels poster Direção: Chris Columbus
Elenco: Adam Sandler, Kevin James, Michelle Monaghan, Peter Dinklage


Lembro que nos fliperamas havia sempre uns caras que ficavam rodeando seu jogo, esperando você morrer para poderem entrar e assumir o lugar. Ficavam de olho em algum erro seu para não repetirem quando fossem jogar e às vezes até davam dicas erradas para você sair logo da máquina. Adam Sandler deve ser um desses caras.

Afinal, ele pegou um curta muito inventivo, dirigido por Patrick Jean, e o transformou em um jogo ruim. “Pixels” é um exemplo típico de como o sistema de produção hollywoodiano pode matar boas ideias. O pior é que a premissa é ótima: em 1982 a NASA enviou para o espaço uma capsula com várias referências sobre o planeta Terra, incluindo os jogos de videogame da época. Mas alienígenas entendem como uma declaração de guerra e décadas depois invadem a Terra aproveitando o formato daqueles games.  Uma bobagem que poderia ser divertida nas mãos de um diretor típico de Sessão da Tarde como, digamos, Chris Columbus. E é ele mesmo quem assume a direção desta aventura que… virou uma comédia besteirol do Adam Sandler.

Atuando também como produtor, Sandler encheu o filme com seu humor grosseiro que aqui aparece ainda mais deslocado de todo o resto. Os personagens caricatos, o machismo, as piadas roubadas de Big Bang Theory: tudo grita “riam por favor” enquanto frases de efeito sem graça povoam a tela. Ele faz o técnico de equipamentos eletrônicos que foi vice-campeão mundial de videogame em 1982  e que por acaso é o melhor amigo do presidente dos Estados Unidos (Kevin James) e que por acaso está fazendo uma instalação na casa de uma mulher bonita recém-divorciada (Michelle Monaghan) que por acaso é um importante membro das Forças Armadas (é, eu sei). Juntos, mais o grande rival de Sandler nos jogos (Peter Dinklage), e um antigo colega vergonha alheia (Josh Gad), eles irão tentar salvar o planeta durante a invasão alienígena.

"Estou aqui para destruir boas ideias"

Os efeitos são bacanas e as referências oitentistas divertem muito, mas mesmo para um filme de premissa absurda, é preciso construir algum tipo de relação crível para que as situações e personagens importem. O que não acontece. Por mais que a batalha final seja uma festa para os olhos, Columbus parece um diretor sem vontade de fazer coisa alguma a não ser agradar seu astro, e constrói uma obra visualmente interessante (visual, aliás, devedor do curta de Jean), mas sem emoção. Os personagens disputam para ver quem é mais infantil e as coincidências são forçadas, em um roteiro preguiçoso que não se preocupa em minimamente criar alguma lógica: a sequência com o Pac-Man, por exemplo, é legal, mas não justifica a presença daqueles personagens naquele momento, e nem sua habilidade como motoristas: neste caso específico soldados poderiam dar conta do recado, já que bastava apenas que fossem ótimos pilotos de corrida.

Sandler ficou de longe vendo uma ideia original, a pegou, e fez seu próprio jogo, deixando para nós o resultado de sua brincadeira egocêntrica. “Pixels” tinha tudo para ser o revival definitivo da década de 80, mas acabou sendo só uma piada sem graça do observador que acabou virando dono do fliperama.


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