Top 10 – Os melhores filmes de 2018


10. “Sem Amor” (Rússia/França/Alemanha/Bélgica/EUA, dir. Andrey Zvyagintsev)

“Essa dimensão social é o centro de “Sem Amor”. Porque Zvyagintsev está bem menos interessado no drama burguês desses personagens profundamente desagradáveis do que em usá-lo para fazer um retrato brutal e cáustico de seu país hoje. Os dois pais relapsos e egocêntricos do filme são a imagem perfeita de um Estado corrupto e imoral, mais preocupado com estratégias de manutenção dos próprios privilégios e do poder do que com o bem-estar de seu povo – algo válido para a Rússia, mas insira aqui o país de sua preferência. E é por disfarçar suas críticas com tramas policiais e burguesas que Zvyagintsev consegue fazê-las em um dos países mais conservadores e avessos à liberdade de expressão no mundo atual.” (Mais aqui)

9. “Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi” (EUA, dir. Dee Rees)

“Em sua belíssima fotografia, Morrison pinta essa oposição branco/negro na separação entre terra e céu. Para os brancos, a terra significa posse, poder. Para os negros, ela é uma prisão – e o céu, uma esperança, uma possibilidade de fuga e redenção. É dele que vem a chuva, como se fossem lágrimas de Deus, pela injustiça dessa divisão, que transforma a terra em lama – a lama da imundície e da imoralidade humana, que suja e contamina os personagens brancos o tempo todo, tentando fazê-los entender que estão bem mais próximos dos negros do que imaginam. “Quando eu penso na fazenda, eu penso na lama. Eu sonhava em marrom”, divaga Laura.” (Mais aqui)

8. “Ilha dos Cachorros” (EUA, dir. Wes Anderson)

Um dos melhores comentários/sátiras sobre os EUA (e o mundo) da era Trump, feitos com apuro visual típico do cinema de Wes Anderson, e um humanismo sincero bem-vindo à obra do diretor. Some ainda uma das melhores trilhas da carreira de Alexandre Desplat, e desconte as acusações de apropriação cultural. (Sem crítica)

7. “As Herdeiras” (Paraguai/Brasil/Alemanha/Noruega,/França, dir. Marcelo Martinessi)

“O resultado de tudo isso é a humanidade que “As Herdeiras” confere àquelas mulheres e ao seu universo – tão raramente vistas com tamanha humanidade e dignidade no cinema. Martinessi transforma o triângulo amoroso entre três mulheres acima dos 50 em algo mais instigante e envolvente que qualquer cena de “Cinquenta Tons de Cinza” – e tudo de que ele precisou para isso foi talento e originalidade.” (Mais aqui)

6. “Arábia” (Brasil, dir. Affonso Uchoa e João Dumans)

“‘Arábia’ é essencialmente um road movie sobre o trabalho, sobre como definimos nossa identidade por ele, que oferece um motivo para acordar todo dia de manhã e determina nossa importância e nosso lugar no mundo. E, à medida em que o filme passa, a reflexão de Cristiano deixa de ser sobre tudo que o trabalho dá e passa a ser sobre tudo que ele tira – toda humanidade, emoção, sentimentos, potencialidades afetivas e criativas, que são sublimadas na criação de uma máquina que, quanto menos sente e pensa, mais produz. (…) É um longa sobre o poder e a importância de narrar, de contar e pensar a própria história – descobrindo-se não apenas como uma máquina produtora, mas como alguém que amou, errou, sofreu e teve toda uma vida para além do trabalho.” (Mais aqui)

5. “Custódia” (França, dir. Xavier Legrand)

“À medida que seu mosaico vai ficando mais claro, “Custódia” se revela na verdade um filme de monstro. Um monstro real, que pode ser seu tio, seu vizinho, seu namorado ou seu irmão. E quanto menos você souber de antemão sobre os rumos que a história toma, mais vai ser consumido e envolvido pela angústia do suspense construído por Legrand. Porque a força motriz do longa é querer saber mais – ver aquilo que está fora do quadro para confirmar suas suspeitas. E é por isso que a câmera da diretora de fotografia Nathalie Durand não se move. Para fazer com que o espectador se sinta preso e encurralado naquelas situações, como os personagens, e para obrigá-lo a fazer escolhas morais com base naquilo que lhe é dado na tela, e nada mais – escolhas que dizem tanto de quem nós somos quanto da realidade retratada no filme. E o suspense de “Custódia” surge exatamente do fato de que, assim como os personagens no longa, o público pode esperar demais para tomar essa decisão. É isso que faz com que a sequência final sejam os 15 minutos mais desesperadores do ano no cinema, com o monstro finalmente vindo à tona em toda sua virulência e magnitude” (Mais aqui)

4. “120 Batimentos por Minuto” (França, dir. Robin Campillo)

“Algumas das cenas mais bonitas do longa são as do grupo na balada, que Campillo filma quase como um culto, uma experiência religiosa. Porque o clube, a boate, é nossa igreja. E cantar e dançar ao som de uma música bem trash da Madonna ou da Britney Spears é nossa forma de oração, de nos conectar com quem nós somos e com o Deus que mantém isso vivo.” (Mais aqui)

3. “Trama Fantasma” (EUA/Reino Unido, dir. Paul Thomas Anderson)

“É no uso de elementos como escadas e olhares para estabelecer as relações de poder entre os personagens, porém, e na encenação de momentos banais como uma tomada de medidas, que ele mostra para onde sua atenção está voltada: para quem cria essas histórias e para o olhar que é dirigido nelas a suas mulheres. E o que acontece quando se dá a essas personagens femininas o direito de olhar de volta com a mesma complexidade e perversidade de seus criadores.” (Mais aqui)

2. “Me Chame pelo seu Nome” (EUA/Itália/Brasil/França, dir. Luca Guadagnino)

“Acima de tudo, porém, “Me Chame” retrata o amor como a ocupação de espaços – a ideia de alguém que invade, e toma posse, de um espaço que nós não estávamos necessariamente dispostos a ceder. Oliver, primeiro, toma o quarto de Elio para, em seguida, ocupar sua mente e seus pensamentos (nas canções de Sufjan Stevens), e seu corpo. E o resultado disso é que, a certa altura, esse outro ocupa cada poro de tal forma que é possível “me chamar pelo seu nome que eu te chamo pelo meu”. O perigo é que essa transfiguração se torna tão vital – como Elio deixa claro na cena do quarto, ao tentar montar Oliver com o desespero adolescente de quem encontrou o ar de que precisa para viver – que, caso esse outro saia um dia, é como perder um órgão. E Chalamet possui cada uma dessas emoções (desejo, medo, dor, ciúme, raiva, alegria, expectativa) transbordando de forma tão transparente e eruptiva de seu rosto que a potência do plano final do longa vai ficar com você por semanas.” (Mais aqui)

1. “Roma” (México, dir. Alfonso Cuarón)

“Mais que um filme de memórias, “Roma” é um álbum de imagens que só ganham sentido em retrospecto. Vistas e interpretadas pelo olhar do adulto de hoje, mesmo que vividas pela criança do passado. (…) Em “Roma”, Cleo é o sol em torno do qual a câmera todo o filme gravita. Há a História Oficial do México em curso. E há uma dissolução familiar ocorrendo. Mas tudo só acontece em função da história de Cleo. Pela primeira vez, a existência dela não se dá a serviço de alguém, mas o contrário. O filme poderia ser um estudo de personagem intimista, de planos fechados, mas não é. “Roma” é um longa de arte filmado com os planos e o desenho de som grandiosos de um blockbuster. Enquanto o mundo todo girava, e as “grandes histórias”, sempre vistas no cinema, aconteciam, as Cleos estavam ali, vivendo suas vidas, invisíveis. E só agora, Cuarón enxerga que elas são as (super)heroínas dignas desse tratamento épico.” (Mais aqui)


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