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Tempos antigos

Lulu Santos ao vivo - 20/04/2006 - Chevrolet Hall, BH

por Braulio Lorentz e Rodrigo Ortega

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Sabe aqueles instantes da vida em que, de repente, alguma coisa nos faz perceber o quanto o tempo passou rápido e estamos ficando velhos? As pessoas sempre falam sobre estes momentos, mas raramente comentam quando acontece o contrário, como na apresentação do Lulu Santos que encheu o Chevrolet Hall, em BH, na véspera do feriado de Tiradentes. O público com uma média de idade não muito menor do que a de Lulu, 52, se divertiu ao som de hits não muito mais novos do que nós mesmos, 22, e nos mostrou que os tempos modernos não passam tão rápido assim e que ainda temos muito chão pop pela frente.


Luluz

Chegamos a tempo de ouvir a atual música de trabalho, "Vale de Lágrimas", do disco Letra e Música. O nome é simples, mas o cantor tropeçou nas palavras ao dizê-lo. Depois dela, Lulu dá uma sumida e volta aos pulos, vestindo uma camiseta e rimando muro com futuro. Era "Tempos Modernos". Outra parada e desta vez ele reaparece sem camisa e de óculos. Canta mais uma do disco novo, "Popstar".

Em seguida, toca "A cura". De repente, estávamos diante de um coro de mil mães. Quando curtia minha vida de criança pequena, minha mãe ouvia essa música, do disco Toda Forma de Amor, de 1988. Na seqüência, rolam as baladas "Apenas mais uma de amor" e "Tudo bem". A última vem em "versão FAMA", com Lulu dando trabalho para as cordas vocais como Mariah Carey, o que dificulta o acompanhamento do público, não muito acostumado com a nova roupagem.

"Já é" e "Assim Caminha a Humanidade" também surgiram no repertório. Ambas são canções de quando eu já tinha dois dígitos de idade. "Assim caminha a humanidade" já foi trilha de abertura da novelinha Malhação. O hit de Lulu Santos perdeu a vez pro Charlie Brown Jr, que emplacou "Te levar" e mais recentemente "Lutar pelo que é meu".


Lulus

Mas isso faz sentido, pois agora as tramas da Malhação são sobre skate, e antes eram sobre academia. Chorão é da turma do Skate e Lulu da academia. Tanto que o primeiro é sempre visto com bermudas caídas e o segundo fica ora sem camisa, ora de camiseta. O público, entretanto, tinha mais cara de ser da turma da hidroginástica do que da malhação.

Outra parada para Lulu voltar de chapéu e sem óculos. Canta "Vou cantar", que não empolga muito. Todos ficam sentados e só fazem barulho quando Lulu explica qual era o motivo de ter tocado a canção: "Essa foi uma homenagem pro MC Marcinho, que compôs essa música. Melhoras pra ele". A explicação vem seguida de elogios de Lulu ao funk carioca. Lulu falou bem do funk e falou muito bem do Aécio Neves. Segundo Lulu, Aécio é "um político com juventude e audácia".


Luluzetes

Pouco depois, Lulu apresentou a faixa "Ninguém Merece", que estará no DVD Ao Vivo do Cidade Negra. A banda de Toni Garrido já havia gravado o sucesso "Sábado à noite". "Ninguém Merece" repete o papo de "bem no fundo todo mundo quer zoar", mas não cativou na primeira ouvida. Ninguém se mexeu muito durante a novíssima "Olhos de Jabuticaba", o que é natural. Bem no fundo todo mundo quer hits.

Só não vale confundir os sucessos. Por exemplo, pensamos que "Como uma onda" fosse "Sereia", por causa do começo zensurfista. Lembramos então do disco Eu e Memê, Memê e eu. O disco tem mais de 10 anos. Foi aí que tomamos um susto. Este disco marca a transição de “Lulu Santos, o cantor preferido da mamãeâ€, para “Lulu Santos, o cantor da onda da galerinha que assiste aquele programa novo, Malhaçãoâ€. E já faz dez anos... Sabe aqueles momentos da vida em que, de repente, alguma coisa nos faz perceber o quanto o tempo passou rápido e estamos ficando velhos?

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