Caxabaxa

Os Caxas fazem arte, mas não gostam de aparecer
O conteúdo do Caxabaxa não deixa dúvidas quanto ao selo "fabricado em São Paulo", mas a embalagem é de rock gaúcho. Ironia e piadas internas dominam os versos das músicas disponibilizadas há alguns meses no Tramavirtual, com um anti-marketing tão displicente quanto eficiente, à Belle and Sebastian. Figurinhas repetidas não são problema no álbum da cena paulista: o Caxabaxa é formado por Adriano Cintra (Cansei de Ser Sexy, Thee Butchers Orchestra, Verafisher) e Carlinhos Dias (Polara, Againe).
Mas os dois são apenas os Carlos Albertos, que se divertem na praça com a passagem de diversos personagens, em participações nas músicas ou citações nas letras. "Aiô dai-se, o panque da zapim" atrai os ouvidos como um bom caso de saÃda na noite. Baladas lo-fi e rocks de balada se revezam. Até o primeiro show, que aconteceu em 22 de maio, o grupo só existe no Tramavirtual, Myspace e Fotolog, usando a mesma estratégia da banda mais famosa de Adriano. Mesmo sem contar com uma vocalista insana, o Caxabaxa garante umas boas risadas.
Mais doses: tramavirtual.com.br/caxabaxa
Top 3: “Aiô daÃ-se, o panque da zapimâ€, “Se lembra quando a gente era tudo amigo?â€, “Benflogin e.â€
Merda

Merda e seus bigodes na cidade grande
As 16 músicas do terceiro disco dos capixabas do Merda, Carlos, têm o incrÃvel tempo total de 15 minutos. O disco foi lançado no fim do ano passado. “O Carlos é como se fosse uma brincadeira completa, tipo inicio meio e fim, como se fosse uma musica sóâ€, conta o guitarrista Fábio Carlos, que também toca n’Os Pedrero. Os vocais não são estranhos (ou melhor, são estranhos, mas familiares): Rodrigo, do Dead Fish, faz backing vocals e canta sozinho três músicas. Uma delas é "Punk Crente", um épico de três minutos.
Mesmo em pequena quantidade, a Merda se espalha. A banda tocou no ano passado no Uruguai e Argentina. “Assustamos a galera com nosso hardcore tosco e podre, mas acho que eles gostaram, principalmente na Argentinaâ€, conta Fábio. Carlos foi lançado em parceria com oito pequenos selos pelo mundo, dos EUA à Finlândia. A pressa nas músicas é a mesma nas gravações: o quarto disco, Eu Tenho Pena dos Insetos que me Picam, está quase pronto. “Só falta um tapinha na mixagem e incluir uns samplers e palhaçadinhasâ€, garante o guitarrista.
Mais doses: myspace.com/merdarock
Top 3: “Faster Girlâ€, “Efedrinaâ€, “Eu odeio criançasâ€.
Jess Saes

Da Esq.: Tiago Lyra, Marcelo Pires, Ricardo Dias, F.Kraus e Francisco Cotta
Além de arriscarem uma viagem ao espaço, os cariocas do Jess Saes têm um destino especÃfico entre os planetas. “Buscamos uma cara mais psicodélica, mas não aquela coisa ‘psicodelia bubblegum’, o lugar comum entre o Pink Floyd do Syd Barret e algumas coisas dos Beatles. QuerÃamos uma sonoridade mais pesada, uma pegada mais setentista, mais rockâ€, conta o baixista e vocalista F.Kraus. A base de lançamento do Jess Saes é o selo midsummer madness (Nervoso, Valv, Luisa Mandou Um Beijo), que já distribuiu gravações demo e agora lança o CD de estréia, homônimo, com oito faixas.
Os devaneios instrumentais e letras bonitas de Kraus, Tiago Lyra (teclados), Marcelo Pires (vocal e guitarra), Ricardo Dias (bateria) e Francisco Cotta (guitarra) têm antecedentes nos grupos indies cariocas Second Come e Terrible Head Cream. O space rock do Jess Saes é filial da mesma empresa de turismo interplanetário dos mineiros do Vellocet. Kraus e cia. já estão gravando novas músicas e prometem novidades para o fim do ano. “Gostaria que o som nos levasse para vários lugares do Brasil, que pudéssemos fazer shows em lugares diferentes, com públicos diferentes e dispostos a viajar tambémâ€, diz o baixista.
Mais doses: jesssaes.com.br.
Top 3: “Imperfeitoâ€, “Life without paroleâ€, “Bolhasâ€.
KiLLi

A pinta é de mafioso, mas eles tocam punk rock
Diretamente da capital paulista vem a banda de punk rock KiLLi, que surgiu em 99. O grupo é formado por Paulo (guitarra e vocal), Mariana (vocal), Pou (bateria) e Tavinho (baixo). Os quatro estão cientes de que a música é o mais importante, mas também cuidam com capricho da embalagem. A caixinha com o material de divulgação do segundo disco da banda, Plano A, é um primor. “Desta vez insisti (e os convenci) pra fazermos tudo em papel reciclado, porque preservar o mundo é um assunto que muito me preocupaâ€, conta a vocalista Mariana.
A preservação da natureza é uma preocupação do pessoal do KiLLi. O mesmo não podemos dizer das possÃveis comparações com Pitty. É rápida a associação quando se ouve uma banda de rock com uma guria cantando: Leela e Luxúria, dentre outras, costumam reclamar ou no mÃnimo ter um certo receio quando utilizam a roqueira baiana como referência.
“Bandas independentes de meninas sempre existiramâ€, afirma Mariana. Duas dessas bandas, KiLLi e Inkoma, participaram juntas de uma coletânea lançada na Holanda, em 2002. Inkoma era a banda em que Pitty cantava antes de partir pro estrelato. “Até hoje nunca vi ou ouvi alguém nos comparar com elaâ€, confessa a vocalista. “Mas acharia natural, já que atualmente não existem outras representantes de destaque do rock feminino no paÃsâ€, completa. Mas a moça faz questão de deixar claro que os estilos nada têm a ver. Ela tem razão: as canções do KiLLi são menores e lembram mais Inkoma do que Pitty.
Mais doses: killi.com.br.
Top 3: “Contando os diasâ€, “Metade†e “A Cartaâ€.
The Dead Superstars

Os Dead Superstars ao vivo
As influências cantam em inglês, a banda canta em inglês e o nome é em inglês. Mas o baterista dos recifenses The Dead Superstars, Rafael, afirma que tudo isso não é por acaso. “Existe um conceito de arranjos e composição de vozes. Mudar o idioma seria mudar vários outros elementos da bandaâ€, explica. Completam o time dois Joãos nas guitarras e vocais, João Eduardo e João Pena, e mais a baixista Poliana Ojima.
Muitos grupos começam cantando em inglês e depois migram pro português. O The Dead Superstars não descarta a troca de idiomas. “Não que sejamos apegados tão firmemente ao que fazemos ao ponto de não querer mudar nunca, mas estamos felizes com o que fazemos hoje e por isso não cogitamos mudarâ€, diz o baterista.
Rafael e seus amigos adoram bandas dos anos 90. A lista é extensa e se divide entre as que não respingam nas sete músicas do EP de estréia: “Nirvana, Delgados, Blur, Radiohead, Belle and Sebastian, Mogwai, Wilco e Pj Harveyâ€. E, claro, tem também os nomes que são referências para o debut do Dead Superstars: “Smashing Pumpkins, Yo La Tengo e Pavementâ€. Com a ressalva de que a última banda citada é a que mais agrada Rafael: “Pavement é minha fissura. Eu nunca fiz uma gravação sem levar um disco deles pros produtoresâ€.
Mais doses: The Dead Superstars no Tramavirtual.
Top 3: “Autumn Nightsâ€, “On/Off†e “Electrotankâ€.