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Palmas e pastéis para Dirt e Sam

The Bravery ao vivo, Circo Voador, Rio de Janeiro - 24/11/2006

por Marcelle Santos (texto e foto)

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Ninguém viu. No final do show do Moptop, que abriu para The Bravery no Circo Voador, um rapaz vestido à moda Franz Ferdinand correu em direção ao backstage feito uma bala. Era Mike Hindirt, ou “Dirtâ€, baixista do Bravery, carregando um CD de Gilberto Gil (!), da série Millenium (!!), indo conversar com seus novos amigos brasileiros.

É verdade que os Moptops, que entrevistaram os Braverys para um programa na MTV e chegaram a levá-los para conhecer o Baixo Gávea, têm algo em comum com a banda nova-iorquina. Tanto Moptop como The Bravery seguem a onda criada em torno de bandas como The Strokes, The Killers e Franz Ferdinand, sofrem acusações de imitação, estão divulgando as músicas do primeiro disco e foram apontadas pela Rolling Stone (norte-americana e brasileira, respectivamente) como bandas que valem a pena ouvir.

E o que elas têm de diferente? Algo que tem a ver com estilo, com presença, algo que tem a ver com, provavelmente, Sam Endicott.


The Bravery: igual e diferente

O vocalista, que às vezes soa como um Robert Smith e outras como um Bono Vox, provou também ter aquela qualidade peculiar aos grandes líderes de bandas de rock, conhecida como showmanship. Aquele McFly obscuro e estilosamente descabelado estava lá para usar de todas aquelas velhas armas de sedução: elogio à comida brasileira (particularmente aos pastéis, aos quais ele dedicou a música “Give Inâ€), gemidos sofridos, danças esquisitas, saltos no ar, subidas na caixa de som, olhar fixo nas mocinhas que trouxeram de casa as suas mensagens... E funcionou! Uns poucos se atreveram a subir no palco, e não houve quem não dançasse ao som de músicas como “Unconditionalâ€.

O restante da banda também se esforçou para interagir e animar a platéia. Mike Hindirt agradeceu à família brasileira, que estava assistindo ao show, por ter servido de guia à banda nos últimos quatro dias, e fez uma confissão: “Eu vim ao Brasil pela primeira vez quando eu era criança, trazido por minha mãe, e não gostei. Mas hoje, que eu aprendi a gostar das coisas boas da vida, de mulheres e bebida, eu sei que o Rio é o melhor lugar do mundo!â€. Michael Zakarin, guitarrista, se movia constantemente no palco e empolgava, incitando o público a bater palmas no ar. Ele ainda se arriscou no lapsteel (uma guitarra de formato peculiar, que faz as notas soarem por mais tempo, liberando uma das mãos para tirar a franja perfeitamente desarrumada do rosto).

The Bravery incluiu grande parte de seu repertório rock-dançante-com-sintetizadores no show, além de apresentar canções novas (“Every word from your mouth is a knife in my earâ€, “The Leaveâ€, “If this is it†e a ótima “Rat in the wallsâ€) e um cover de INXS, “Don´t Changeâ€. Eles deixaram, claro, o hit “Honest Mistake†para o bis.

Com seu som mistureba de punk e new wave, meio Strokes, meio Duran Duran, The Bravery fez um show mais do que divertido. É que eles pareciam muito felizes de estar lá, e acabaram passando isso para todo mundo que estava junto.

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