Busca

»»

Cadastro



»» enviar

Um Ano Bom, afinal

por Rodrigo Campanella

receite essa matéria para um amigo

“Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.â€
_____(João Cabral de Melo Neto, Tecendo a Manhã em “Educação pela pedraâ€)


Quando as cartas-resenhas começaram a brotar na página inicial entre o fim de dezembro e o começo de 2007, muita gente reclamou que andava faltando originalidade. A resposta chega agora: nossas boas-vindas a esse ano (adiantadas, porque o ano só começa depois do Carnaval, vocês sabem) vieram nas cartas aos que fazem o site conosco e nas listas que seguem abaixo, relembrando o que deixou alguma história para contar no ano que já fez a curva. Cartas de Novo Ano para os amigos e coisas do Ano Que Passou – esse é nosso pontapé para um ano bom. (Clicando no nome de cada destinatário você vê tudo o que ele já escreveu no Pílula Pop até hoje)


(BRAULIO LORENTZ) escreve para: Luciana Dias (Yusuf)

1) Em 2006 fui um pouco emo: achei legal um monte de músicas do Panic! At The Disco e do Fall Out Boy, e todas do The Black Parade do My Chemical Romance.

2) Também fui um bocado menininha e vibrei com as melhores estréias de garotas em muitos anos. Cortesia das ótimas Lily Allen, Érika Machado e Pipettes.

3) Arranjei um tempo para ser indie e babei o ovo do Nokia Trends, graças aos shows de Hot Hot Heat e We are Scientists.


Garota Safada

4)Meu lado popozudo é outro que não deixou de dar um alô em 2006. Meu entusiasmo pelas batidas de CSS, Maria Daniela y su Sonido Lasser, Lucy and The Popsonics, Christina Aguilera e principalmente Nelly Furtado que o digam.

5) Ser do contra é outra faceta que deu as caras neste ano. Mal aê, mas não entendi o "oba oba" por causa dos CDs de Justin Timberlake, Raconteurs e Gnarls Barkley.

6) Pra fechar, minha porção cinéfila pede a palavra e indica "Pequena Miss Sunshine", "Match Point", "O Grande Truque" e "Cinema, Aspirinas e Urubus".

(DANIEL OLIVEIRA) escreve para Priscila Kallfelz (O Amor não Tira Férias) e Fernando Guerra (Uma Noite no Museu)

1) Escutar Ben Lee enquanto rodava pelas montanhas da Nova Zelândia.

2) Ler "Extremamente alto e incrivelmente perto" e começar a chorar do nada.

3) Acompanhar a segunda temporada de "Grey's anatomy" e começar a chorar do nada.


Anatomia de grupo

4) Conhecer um monte de banda completamente desconhecida, baixando a trilha de "Grey's anatomy", e irritar seus amigos indies com isso.

5) Escutar Corinne Bailey Rae e Snow Patrol enquanto rodava pelos ônibus de Auckland.

6) Sentir-se incrivelmente ridículo pelo coração começar a bater forte quando a trilha de "Os infiltrados" aumenta, na segunda vez que você está vendo o filme.

(IGOR COSTOLI) escreve para Rodrigo Campanella (O Crocodilo)

6) A vitória de Crash contra o Segredo de Brokeback Mountain, pelo meu direito de preferir o melhor filme no duelo contra o filme mais importante ou transgressor.

5) Copa do Mundo independe do Brasil pra ser um evento sempre inesquecível. Destaco Zidane, "o cara que poderia jogar de terno", sempre elegante, até na hora de agredir alguém.

4) Em 2006, nenhuma música foi tão importante quanto a não-cantada em inglês. Participar de um projeto chamado Invasões Bárbarase vê-lo crescer.


Invasão mundial

3) Ser editor do Pílula por um mês, e me divertir até na trágica hora de escrever sobre filmes ruins.

2) “Flores Partidas†e “Amor em Cinco Tempos†para pensar na vida. “Pequena Miss Sunshine†e “Os Infiltrados†para pensar em pessoas. “O ano em que meus pais saíram de férias†para pensar.

1) “Cassino Royaleâ€, pela piada. “Obrigado Por Fumarâ€, por mim. “O Grande Truqueâ€, pelo amor ao cinema.

(RODRIGO CAMPANELLA) escreve para Igor Costoli (O Céu de Suely) e Mariana Souto (O Passageiro – Segredos de Adulto)

1) Ganhar uma trilogia (involuntária) para renovar a fé no cinema pela próxima década: “O Labirinto do Faunoâ€, de Guilhermo Del Toro, “Filhos da Esperançaâ€, de Alfonso Cuarón e “O Grande Truqueâ€, de Christopher Nolan.

2) Dar de cara nas bancas com uma ‘Rolling Stone’ e uma ‘Bizz’ de um lado e uma ‘piauí’ de outro. Divergências à parte, bom descobrir que talvez o papel ainda sirva para arriscar alguma coisa interessante.

3) Perceber que o bonde da história atropela muita gente, que só foi admitir inteligência nas séries de TV quando “Lost†e “Grey´s Anatomy†já tinham toneladas de espectadores. E anos atrás eu já tinha a sorte de passar tardes/noites com “Seinfeldâ€, “3rd Rock from the Sunâ€, “Scrubsâ€, “Spin Cityâ€, “Aliasâ€, “South Parkâ€, “Família Sopranoâ€, “Oz†– a maioria agora lançada nos devidos dvds.


Esperança difícil

4) Ser editor do pílula por (mais) um ano e descobrir onde o calo aperta, qual o ponto em que o caldo entorna e que compensa tocar o barco. Dentro da lei ou fora-da-lei.

5) Encontrar tardiamente mas nem tanto um dos álbuns da década ainda em 2006: o caos e a criação no quintal, com Sir Paul McCartney. Descobrir que Caetano ainda tem o que cantar, apesar das opiniões em geral muito estranhas. E que o rock ainda não deu tudo o que tinha, com o System of a Down.

6) Fuçar na Internet e na vida até dizer chega para descobrir Samuel Fuller, Alejandro Jodorowsky, Godard, Chris Marker, Cassavetes, Chantal Akerman, Norman McLaren... E descobrir que o barco que já se acreditava um pouco adiantado na viagem, nem chegou a sair do porto ainda. Avante!

(RODRIGO ORTEGA) escreve para: Marcela Gonzáles (Bloc Party) e Suellen Dias (Tihuana)

1) Sair voando do Circo Voador depois de ouvir as CocoRosies.

2) Ouvir a nova melhor banda tipo-assim-Strokes da última semana, os Rockz.

3) Pensar ao mesmo tempo "putz, que vergonha interna!" e "não é essa merda toda faz sentido?" ao ver Hugh Jackman careca viajando pelo cosmos junto com uma árvore dentro de uma bola de cristal.

.


Menina má

4) Pensar ao mesmo tempo "putz, que vergonha interna" e "não é que essa merda toda faz sentido?" ao ver Daniel Peixoto simulando sexo com uma pessoa imaginária, sem se intimidar nem com o excesso nem com a falta de público.

5) Descobrir o quanto o Jens Lekman é legal e desejar ter nascido irmão dele, para meus filhos terem o tio mais legal do mundo.

6) Passar dias cinzentos no verão do Rio de Janeiro ouvindo os Guillemots cantarem sobre "samba in the snowy rain".

» leia/escreva comentários (5)