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Ame e odeie

Caetano Veloso (Cê ao vivo) – Zénith, Paris, 09/11/07

por Alfredo Brant (Texto e fotos)

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Odeio Você

Após passar pela Itália, a turnê do disco Cê levou Caetano Veloso e sua banda para terras francesas. O cantor fez apresentação única no Zénith de Paris, grande casa de espetáculos que, de longe, lembra um ginásio poliesportivo.

Com quase todos as cadeiras ocupadas, Caetano ganha o palco amparado pela enxuta banda formada pelos jovens Ricardo Dias Gomes (baixo e teclado), Marcelo Callado (bateria) e Pedro Sá (guitarra). Num primeiro momento, as músicas curtas e de simplicidade roqueira do novo disco se intercalam bem com canções de períodos igualmente roqueiros como em “Nine of Tenâ€, do disco Transa (1972) ou mais experimentais como “Um tom†(do álbum Livro, de 1997). Em “Odeioâ€, do novo disco, o riff robótico e o refrão “odeio você, odeio você†provocaram reações entusiasmadas do público.

Em francês ele explica com paciência o que quer dizer “odeio você†e acrescenta que, segundo seu amigo Jorge Mautner, essa é a maneira mais profana de dizer “eu te amoâ€. Caetano conta que recentemente disseram que pior do que ouvi-lo dando opinião sobre tudo o que se passa no Brasil, é ouvi-lo tocando violão. O público ri e fica clara a mensagem: odiá-lo é amá-lo.

Aí vem o momento voz e violão, que acontece mais tarde do que o esperado. Ele começa com “Cucurrucucú Palomaâ€. A canção é muito aplaudida. Porém, o disco novo soa ousado ao lado dessas e de outras. O contraste entre o som minimalista da banda e a voz elegante e articulada de Caetano também se faz presente em releituras de famosas canções apresentadas com essa estética crua. Os resultados são diferentes.


Amo Você

“Fora da Ordem†ganha peso e coesão. Já “Sampa†destoa um pouco do geral. Talvez por ela ser tão clássica, tão standard e propícia para os franceses cantarem que não deveria estar ali se a proposta era apresentar um show ousado para um disco ousado.

A escolha de “You don’t Know Me†para abrir o bis, confirmou a opção por algo menos intelectual e mais direto. A canção, que também faz parte de Transa, mostra como o disco envelheceu bem, influenciando novos nomes como Devendra Banhart.

O público se levantou e se espremeu na frente do palco para acompanhar as últimas músicas. Depois de “O Leãozinho†e “Descobri que sou um anjoâ€, de Jorge Ben, a banda encerrou com “Rocksâ€, a mais pesada e provocativa de Cê. Versos ásperos, solos de guitarra e luzes estroboscópicas fecham a apresentação de forma intensa, como em um bom show de rock.

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