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Overdose Parcerias Diretores e Atores

Amigos, amigos, negócios a (la) carte

por Isabella Goulart

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A prática é antiqüíssima. Quando você se enche de expectativas pelo novo filme de Tim Burton & Johnny Depp, talvez não se dê conta, mas parcerias entre atores e diretores são tão velhas quanto o próprio cinema.

Um rosto de mulher

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Já nos primórdios, David W. Griffith (a quem atribuem a invenção da montagem, do primeiro plano, da narrativa cinematográfica, etc.) era inseparável da jovem Lilian Gish. Seu rosto doce e sofrido, enquadrado em close-up, deu a Griffith o pioneirismo também na conquista das lágrimas do público.


Gish, a primeira estrela

Gish foi a maior das “vedetes femininas†do cineasta: a face da vítima frágil, violada, espancada, maltratada pelos homens e pela sociedade. Com seu rosto nu e abatido ampliado na tela, o star system deu seus primeiros passos.

Gênero e número

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No auge desse ‘sistema’, durante a Era de Ouro de Hollywood, a vida privada das estrelas era propriedade dos estúdios e os diretores trabalhavam com amarras. Os cineastas costumavam dirigir mais de um filme por ano e muitos acabaram associados a certo gênero. O mesmo aconteceu com alguns atores, cujas imagens se confundiam com o estereótipo dos heróis que interpretavam. John Ford e John Wayne, por exemplo, recriaram por décadas o mito do oeste americano numa série de westerns.


The Johns: Wayne & Ford.

A amizade de Humphrey Bogart e John Huston inaugurou um tipo de herói e um gênero com “O Falcão Maltês†(1941), considerado o primeiro filme noir. O papel do sujeito durão e amoral foi revivido pelo ator em quase todos os seus filmes e a parceria com Huston aconteceu outras seis vezes. Entre elas, “O Tesouro de Sierra Madre†(1948) é o trabalho mais distante do machão charmoso a que Bogart se habituou; e “Uma Aventura na Ãfrica†(1951) lhe rendeu seu único Oscar.

Já quando se fala em melodrama no cinema, o primeiro nome a surgir é o de Douglas Sirk. União das mais felizes foi a dele com Rock Hudson, que esteve em oito de seus dramalhões, começando como coadjuvante em “Sinfonia Prateada†(1952) e virando logo protagonista. Moreno, alto, carismático (e lindo de morrer), ninguém foi melhor do que Hudson no universo da perspectiva melodramática, onde Sirk era o astro-rei. O playboy inconseqüente de “Sublime Obsessão†(1954), o jovem amante de Jane Wyman em “Tudo Que o Céu Permite†(1955) e o pobretão honrado de “Palavras ao Vento†(1956) abriram o caminho de Hudson para o estrelato.

Foi justamente ele quem interrompeu outra sociedade. Em 1963, Hudson aceitou o papel que Cary Grant (querendo se aposentar) recusou em “O Esporte Favorito dos Homensâ€, do versátil Howard Hawks. Desde “Levada da Breca†(1938), Grant foi seu protagonista em outras comédias (Jejum de Amor, de 1940) e em aventuras dramáticas (Paraíso Infernal, de 1939). Até 1952, fizeram cinco filmes juntos. Gary Cooper e John Wayne também foram bons companheiros do diretor, mas seu grande parceiro foi o coadjuvante Walter Brennan. De “Meu Filho é Meu Rival†(1936, que lhe deu o Oscar) a “Rio Bravo†(1959), Brennan interpretou seis vezes o excluído simpático que ganhava a aceitação do grupo masculino, papel fundamental no universo hawksiano.

Elas e eles

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O austríaco viu a alemã num cabaré em Berlim e pouco depois eles estavam juntos em “O Anjo Azul†(1930). Marlene Dietrich era a estrela e Joseph Von Sternberg seu diretor, com direito a romance. O sucesso incentivou Sternberg a levar sua musa para Hollywood e ele a apresentou ao mundo em “Marrocos†(1930). O quinto e último filme dos dois juntos foi “A mulher Satânica†(1935), quando Sternberg delineou, a partir de Dietrich, o modelo da mulher fatal que invadiria o cinema americano na década seguinte.

O que levou a bela Ingrid Bergman a trocar Hollywood por Roberto Rossellini? Uma mistura de excesso de exposição, crise conjugal e atração pelo cinema nu e cru que se fazia na Itália, especula-se. Depois dos impactantes “Stromboli†(1950), “Europa ‘51†(1952), “Viagem à Itália†(1954), “O Medo†(1954) e de cinco anos de casamento, ela viu que Rossellini era um mulherengo incorrigível e voltou à América.


The neuras: Allen & Keaton

Woody Allen é neurótico, hiperativo e precisa de musas inspiradoras. Diane Keaton e Mia Farrow foram suas preferidas por décadas, e agora ele dá sinais de que Scarlett Johansson pode ficar com o posto.

Rapidinhas

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Pedro Almodóvar está sempre junto de suas mulheres: Carmen Maura, Cecilia Roth, Marisa Paredes, Julieta Serrano, Rossy de Palma, Penélope Cruz. Mas Antonio Banderas já renegou seu passado na Espanha ao lado do diretor. Uma Thurman e Quentin Tarantino são a dupla dinâmica do cinema pop. Cansado de ser só mais um rostinho bonito, Leonardo DiCaprio foi buscar conteúdo em Martin Scorsese. Como água mole em pedra dura, a dupla colheu os frutos no Oscar 2007. Mas a grande parceria do diretor para a posteridade será com Robert De Niro – são sete longas, entre eles os clássicos “Taxi Driver†(1976) e “Touro indomável†(1980).


La famiglia: Scorsese & De Niro.

George Clooney, o amigo que todos queriam ter, até fundou uma produtora (a recém-finada Section 8) ao lado do parceiro Steven Soderbergh, com quem fez seis filmes - três deles na série dos homens com o segredo. Tim Burton enxergou um espelho na bizarrice nata de Johnny Depp e foi o início de uma bela amizade. Sem esquecer de Helena Bonham Carter, o único tipo de mulher para um homem como Burton. Exemplos não faltam para provar que, na história do cinema, a união faz a força.

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