No auge desse ‘sistema’, durante a Era de Ouro de Hollywood, a vida privada das estrelas era propriedade dos estúdios e os diretores trabalhavam com amarras. Os cineastas costumavam dirigir mais de um filme por ano e muitos acabaram associados a certo gênero. O mesmo aconteceu com alguns atores, cujas imagens se confundiam com o estereótipo dos heróis que interpretavam. John Ford e John Wayne, por exemplo, recriaram por décadas o mito do oeste americano numa série de westerns.

The Johns: Wayne & Ford.
A amizade de Humphrey Bogart e John Huston inaugurou um tipo de herói e um gênero com “O Falcão Maltês†(1941), considerado o primeiro filme noir. O papel do sujeito durão e amoral foi revivido pelo ator em quase todos os seus filmes e a parceria com Huston aconteceu outras seis vezes. Entre elas, “O Tesouro de Sierra Madre†(1948) é o trabalho mais distante do machão charmoso a que Bogart se habituou; e “Uma Aventura na Ãfrica†(1951) lhe rendeu seu único Oscar.
Já quando se fala em melodrama no cinema, o primeiro nome a surgir é o de Douglas Sirk. União das mais felizes foi a dele com Rock Hudson, que esteve em oito de seus dramalhões, começando como coadjuvante em “Sinfonia Prateada†(1952) e virando logo protagonista. Moreno, alto, carismático (e lindo de morrer), ninguém foi melhor do que Hudson no universo da perspectiva melodramática, onde Sirk era o astro-rei. O playboy inconseqüente de “Sublime Obsessão†(1954), o jovem amante de Jane Wyman em “Tudo Que o Céu Permite†(1955) e o pobretão honrado de “Palavras ao Vento†(1956) abriram o caminho de Hudson para o estrelato.
Foi justamente ele quem interrompeu outra sociedade. Em 1963, Hudson aceitou o papel que Cary Grant (querendo se aposentar) recusou em “O Esporte Favorito dos Homensâ€, do versátil Howard Hawks. Desde “Levada da Breca†(1938), Grant foi seu protagonista em outras comédias (Jejum de Amor, de 1940) e em aventuras dramáticas (ParaÃso Infernal, de 1939). Até 1952, fizeram cinco filmes juntos. Gary Cooper e John Wayne também foram bons companheiros do diretor, mas seu grande parceiro foi o coadjuvante Walter Brennan. De “Meu Filho é Meu Rival†(1936, que lhe deu o Oscar) a “Rio Bravo†(1959), Brennan interpretou seis vezes o excluÃdo simpático que ganhava a aceitação do grupo masculino, papel fundamental no universo hawksiano.