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Menos é mais?

Mombojó e China ao vivo - Circo Voador, RJ, 03/05/2008

por Rodrigo Ortega

Fotos: Lívia Mendonça

Qual é a proporção ideal entre o número de pessoas em cima um palco e a quantidade (e qualidade) do barulho produzido? A apresentação dos pernambucanos China e Mombojó no último sábado, no palco carioca do Circo Voador foi uma boa chance para testar essa relação. Durante quase três horas de música, o palco teve momentos de lotação esgotada - com as duas bandas tocando ao mesmo tempo - e vazio inédito - com o ex-septeto Mombojó revelando sua nova identidade de quinteto.

Mombojó e as novidades

A banda de Felipe S apresentou três canções novas, que vão estar no seu terceiro CD, ainda sem data de lançamento, e desafiou a teoria mais óbvia: a de que mais gente no palco é sinônimo de mais barulho. Sem o flautista Rafa, falecido em 2007, e o multinstrumentista Marcelo Campello, que deixou o grupo no mês passado, o Mombojó está mais indie-roqueiro do que nunca. Felipe S abandona seus peculiares movimentos no palco e abraça uma guitarra. Dissonâncias e distorções têm destaque nas três músicas.


Felipe S e a guitarra

O público pareceu receptivo às novidades, mas os grandes momentos do show foram mesmo as faixas mais conhecidas dos dois primeiros discos, Nadadenovo (2004) e Homem-Espuma (2006). Nessas horas, Felipe S voltou aos movimentos normais: pulou, se retorceu, sentou na caixa de som e até deitou no meio do palco. As pessoas lá embaixo também se movimentaram bastante, mesmo em um show que começou com mais de duas horas de atraso.

"Faaca", "Swinga" e "Saborosa" foram as partes mais animadas da ginástica da madrugada. O nome de Rafa foi citado duas vezes por Felipe durante o show. "Ele está aqui, entre nós", afirmou o músico. Mas musicalmente a banda pareceu ter superado a perda. O destaque é a evolução do guitarrista Marcelo Machado, quase uma versão matinê de Lúcio Maia (Nação Zumbi).


Felipe S desce até o chão

China e as parcerias

Mesmo com o esforço de Felipe, China ganha disparado o troféu de movimentos mais frenéticos no palco. Ele consegue rodar as mãos como uma cantora da jovem-guarda e balançar a cabeça como um metaleiro ao mesmo tempo. O melhor de tudo é que a energia física não tira o fôlego musical. Ele tocou músicas dos seus dois discos solo, Um Só (2004) e Simulacro (2007), ambos disponíveis para download no seu site.


China e sua mão de Wanderléia

Além da boa performance do cantor e da banda que o acompanha, a H. Stern Band, o show é sustentado por ótimas canções como "Cristalina", "Um dia lindo de morrer" e "Contra Informação". A união no palco é inevitável, já que os músicos do Mombojó também aproveitam bem os talentos de "performer" e compositor de China, tanto no Del Rey, projeto paralelo deles com releituras de Roberto Carlos, quanto em algumas composições do próprio Mombojó.


Felipe S e China

Entre os dois shows e também no último bis, as bandas tocaram juntas, incluindo um momento Del Rey - a cover de "Não serve pra mim", de Roberto Carlos. O encontro começou e terminou com duas parcerias entre Felipe S e China: "O céu, o sol e o mar" e "Deixe-se acreditar". Foi nesta última que ficou mais clara a diferença para o "antigo Mombojó", especialmente a troca da flauta por uma guitarra distorcida na introdução. Mas naquela hora, depois das três da manhã, com dois bateristas tocando ao mesmo tempo, nada fazia tanta diferença se todo mundo pudesse levantar a mão e gritar "esse é o reino da alegria" no final.

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