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De vários ângulos

Mombojó ao vivo no auditório da Biblioteca Pública – BH, 27/05/06

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por Rodrigo Ortega

Fotos: Marcelo Santiago


Felipe S: com o Rei na barriga

Na Fila

A menina de fora

“Minha mãe foi muito malvada!â€. A indignação da moça não cabia na tranqüilidade da tarde de sábado, em frente à Biblioteca Pública, ao lado da Praça da Liberdade. Tanto que ela foi embora logo, ainda brava com a mãe, que não atendeu ao seu pedido de ficar na fila para comprar um ingresso para o show do Mombojó. Todo mundo sabia: o público da banda pernambucana não cabia nas 250 cadeiras do auditório da biblioteca. Poucos minutos depois, a bilheteria foi aberta novamente para vender ingressos de uma segunda apresentação que o Mombojó resolveu fazer de última hora, enquanto provavelmente a menina estragava o resto da tarde de sábado de sua pobre mãe.


Chiquinho, Campello e Felipe, 3/7 do Mombojó

No Palco

O cara de trás

“Eu saí de um show lá no Pátio de São Pedro [em Recife] e passei por um grupo de umas três ou quatro pessoas que disseram: ‘Olha o cara imitando os Mombojó!’â€. Quem contou isso foi Marcelo Campello, que não só parece como faz parte do Mombojó. No início do show, em “Merdaâ€, ele empunha um violão, mas também toca cavaquinho, escaleta e trompete. Parece confortável no fundo do palco e não arrisca nem uma levantada de olho quando é apresentado pelo vocalista ao público. Ele fala com mais empolgação sobre o som (“Na Trama a gente teve acesso a uma coleção de teclados originais Hammonds, Moogs, e pôde deitar e rolarâ€) do que sobre os admiradores do som (“É muito doido você ver uma pessoa que tatuou uma frase de música da sua banda. Não sei direito o que falar sobre issoâ€).

O cara na frente

Várias vezes durante o show, Felipe S se inclina para baixo para espremer do abdômen a melhor voz possível. Mas o seu forte é menos o resultado do que a tentativa de cantar “quero estar no seu coração†(na nova música de trabalho, “O mais vendido), com o Rei na barriga. O público ainda responde melhor ao vocalista nas músicas de Nadadenovo (2004) do que nas do novo Homem-Espuma, tanto que a maior reclamação no final da primeira apresentação foi a ausência de “Cabidelaâ€. O responsável pela manutenção do auditório deve ter sentido um friozinho na barriga durante “Faaca†e “Deixe-se acreditarâ€. Mas as músicas novas, como “Realismo Convincenteâ€, realmente convenceram. No palco, com uma dança quase tão epilética quanto China, vocalista do projeto paralelo Del Rey, Felipe S se coloca bem na frente dos tímidos Mombojós. Mas fora dele, é ainda mais evasivo do que Campello para citar influências ou dar qualquer explicação sobre o som da banda. Apesar dos versos do amigo Tom Zé que ele repetiu no novo disco, “explicar para confundir†não é a onda de Felipe S.


Ao contrário da foto, Campello não quer foco

Na Platéia

O menino do lado

O auge do constrangimento foi quando o fã colocou as mãos no joelho e começou imitar os movimentos de uma dançarina de funk em “Pára-Quedasâ€. Tudo bem que foi Felipe S quem pediu para todos se levantarem. Mas o exagero dos movimentos do rapaz do meu lado era irritante. Isto para mim, imagine para quem ficou com um sujeito de porte avantajado balançando a cabeça como se estivesse em um show do Charlie Brown Jr na sua frente. Para compensar, eu tive que ouvi-lo cantar “Tempo de carne e osso†em um volume insensato, tentando fazer um dueto com Felipe e substituir a fofa participação que a cantora Céu faz no disco. Céu e fofice passaram longe daquela audição do inferno.

O menino à frente

O parâmetro aqui não é o espaço, e sim o tempo. O quinto personagem foi quem fez o primeiro comentário que ouvi na saída do auditório, de que agora eles estão mais suaves. Como ele foi também um dos primeiros a colocar Mombojó para tocar em festas em BH e um dos poucos a assistir os dois shows da banda na cidade (o anterior foi no festival Eletronika, em 2004), a observação tinha certa autoridade. Mas, assim como o cara de trás no palco, no meio de tanta gente, ele agora não tem nada que o diferencie de quem tenta de última hora “imitar os Mombojóâ€. Olhando por este ângulo, dá para entender melhor a idéia de ter comprovado há mais tempo a admiração com uma tatuagem.

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