“Garotas bonitas / fugas espetaculares / Combates aéreos / carros voam pelos aresâ€. Como cantam os cariocas do Carbona, em 2005 o Jornal Nacional parecia Sessão da Tarde. Os filmes e discos não podiam ser menos espetaculares.
Furacões anunciados
Oasis e Coldplay

Oasis: bons singles e grandes responsabilidades
Pode conferir no nosso Prognóstico 2005. Noel Gallagher e Chris Martin carregaram nas costas a maior responsabilidade pop de 2005 na terra da rainha. O resultado foi bom (o ano não teria sido tão legal sem os singles bacanas “Importance of Being Idle†e “Talkâ€), mas não tão grande quanto a expectativa. A espera pelo Coldplay chegou a derrubar as ações da EMI na bolsa. Com menos pretensão, o Coldplay poderia fazer seu Automatic For The People, em vez de insistir em um Achtung Baby.

Strokes: “Juicebox†caiu na rede e na boca da moçada
Strokes e White Stripes
Do outro lado do Atlântico quem sentiu o peso do pop nas costas foram Jack White e Julian Casablancas. No primeiro semestre, Jack se casou na Amazônia e soltou Get Behind Me Satan, sem um hit do tamanho de “Seven Nation Armyâ€. O segundo semestre foi a vez de Julian passear em Ipanema e lançar First Impressions of Earth, com “Juicebox†já estourada. A regra acima também vale aqui: as bandas ganharam em divulgação, mas perderam no fator surpresa.
Invasão Britânica

Franz Ferdinand: o disco do ano é deles
Franz Ferdinand e Arctic Monkeys
Há 41 anos a história se repete. Grupos pop dominam a ilha e preparam a tomada dos EUA e do resto do mundo de lambuja. O Franz Ferdinand, maior nome entre estes grupos repetiu o fenômeno de 2004 com You Could Have It So Much Better. Os Arctic Monkeys, sem nem lançar o primeiro disco, tomaram o lugar do Babyshambles, do ex-Libertines Pete Doherty, como revelação do ano. Em janeiro finalmente saiu o tal primeiro disco dos Arctic Monkeys, Whatever People Say I Am, That's What I'm Not.
Kaiser Chiefs e Bloc Party

Kaiser Chiefs: mais uma boa banda com a letra “Kâ€
Outro nome forte na invasão britânica foi o dos Kaiser Chiefs, que teve o disco de estréia, Employment, lançado no Brasil. Os garotos ajudaram a consolidar a letra K no glossário britpop, junto com Keane, Kasabian e Kele Okereke, que por sua vez colaborou também com a letra C, de Chemical Brothers , ao emprestar sua voz para o hit “Believe†e com a letra B, da sua banda Bloc Party, que chacoalhou muitos esqueletos com as canções de Silent Alarm.
Resistência PacÃfica

Você quer engolir o mundo com essa boquinha a�
A paz reinou no Segundo de Maria Rita e no Quatro do Los Hermanos, que fincaram a bandeira branca em solo brasileiro com uma mãozinha d’O Rappa. No estrangeiro, o ex-militar James Blunt foi o nome da vez na turma do soninho. Alistaram-se no mesmo pelotão o Cardigans e a pior (ou menos melhor) metade do disco do Foo Fighters. Com duas ressalvas: as músicas de Super Extra Gravity, do Cardigans, e In Your Honor, do FF, são calminhas, porém excelentes.
Conflitos populares
Houve paz, mas houve também guerra. Chorão, por exemplo, brigou com todos os outros integrantes do Charlie Brown Jr. e tomou a banda para si. B5 e KLB foi outro confronto, com o hino “3 Porquinhosâ€, mais de 350 comentários somados no PÃlula Pop e pouca divulgação na imprensa. É mesmo difÃcil levar a sério o conflito entre oito mocinhos com muitos cortes de cabelo e pouca criatividade.
Madonna e Ivete travaram uma disputa mais inusitada e divertida, que apresentamos com exclusividade. Outro embate improvável foi protagonizado pelo Cansei de Ser Sexy e pela Barbie Girl Kelly Key. Como sempre, a fronteira entre amor e ódio esteve um tanto indefinida nesse e nos demais casos. Contudo, o conflito mais choramingador fica com a disputinha “Todos contra o Emoâ€, materializada na chuva de material reciclável que atingiu o lÃder do Fresno.

Madonna levou Ivete pro ringue do pop
Guerras Intercontinentais
Suécia X Canadá.
Montreal é a nova Estocolmo. Arcade Fire são os novos Hives. No começo desta década a hegemonia do eixo EUA/Grã-Bretanha foi ameaçada pelo estouro dos suecos The Hives, que levaram na cola Hellacopters e Backyard Babies. Em 2005 foi o “Canpop†que conquistou o mundo. Funeral, do Arcade Fire, foi o melhor disco de 2004 do ano passado, graças ao lançamento atrasado por aqui. A banda fez barulho em sua passagem pelo Brasil, no Tim Festival 2005. Além disso, os punkinhos do Simple Plan, o duo Death From Above 1979, Hot Hot Heat, Broken Social Scene, Wolf Parade e Dears mostraram que Avril Lavigne e Alanis Morissette não são as únicas queridinhas do Canadá. Ah, e os engravatados bagunceiros do Hives não causaram muito alarde, ao contrário da também engravatada Cachorro Grande.

Arcade Fire: vamos todos pro Canadá chorar e dançar?
“Boa noite, meus irmãos brasileiros†X “Ei, Dead Fish, vai tomar no cu!â€
2005 foi consagrado pelos shows internacionais no Brasil. O PÃlula Pop viu Placebo, Moby, Mercury Rev, Raveonetes, Weezer, Elvis Costello, Sonic Youth, Iggy and The Stooges, Flaming Lips, Nine Inch Nails, Pearl Jam, Kings of Leon, Strokes, Wilco, Arcade Fire e, porque não, Hanson. Mas em nenhum deles encontramos a histeria dos capixabas do Dead Fish ao vivo (até porque nenhum dos vocalistas gringos teve a manha de beijar um fã na boca e depois pisar em cima dele no meio de uma música). Também não registramos piti maior do que do público da Pitty. Moral da história: em 2006, pense melhor sobre pagar R$ 100 no System of a Down ou R$ 5 n’Os Pedrero.