
Coyne: o vocalista da bolha
Vamos direto ao assunto. Flaming lips é uma banda pouco conhecida entre o público brasileiro, certo? Aparentemente sim. Seus discos não costumam contar com edições nacionais nem freqüentam as mais pedidas de FMs “jovensâ€. Ok. E o que isso interfere na apresentação deles em solo tupiniquim? Nada ou quase nada. Wayne Coyne e sua trupe vieram para o primeiro show no Brasil munidos de um arsenal anti-bocejo: recursos cênicos, projeções impagáveis e muito bom humor.
O espetáculo dos ‘lábios flamejantes’ começou com o performático lÃder da banda, Wayne Coyne, passeando entre a platéia, mais especificamente sobre suas cabeças. Antes de entrar em uma bolha inflável e rolar por um mar de gente, ele avisou que ia contar uma mentira. Pediu que todos dissessem que, naquela noite, ele havia surgido no palco vindo do céu. O público sorriu, cúmplice.
Em seguida, teve inÃcio a parte sonora do show. O ponto alto foi quando a banda maximizou o fator interatividade, realizando um karaokê coletivo. De sua caixinha de surpresas, Mr. Coyne tirou um cover do Queen. Mesmo quem não sabia, pôde acompanhar a letra de “Bohemian Rhapsodyâ€, exibida, de forma sincronizada, em um telão enorme posicionado no fundo do palco. Mais tarde foi a vez de “War Pigsâ€, cover do Black Sabbath, que trouxe como coadjuvantes o presidente dos Estados Unidos George Bush e seu Secretário de Defesa Donald Rumsfeld. O tom panfletário (e chato) sucumbiu à anarquia inteligente das imagens exibidas.

Eis uma banda para (literalmente) se jogar confetes
Aliás, o telão pode ser chamado de o quinto elemento dos Flaming Lips. Em vários momentos, as imagens projetadas roubaram a cena. Quando a menina que não usa geléia no pão e sim vaselina ilustrou a canção “She don’t use jelly†ficou mais que explÃcito o (bom) humor da banda.
Para completar a experiência sonora e visual: balões gigantes, tiras de papel multicolorido e muito papel picotado - tudo arremessado pelo vocalista que incitava todos a se divertirem. Além do domÃnio sobre o público, Wayne comandou um exército de bichinhos de pelúcia. Pessoas escolhidas na platéia e devidamente vestidas de vaquinha, ursinho, jacaré, papai Noel e até de irmão gêmeo do solzinho da rede de brinquedos Ri-Happy faziam dancinhas de própria autoria no palco. Todo mundo serelepe, se divertindo aquele tanto.
Bem. Digamos que não foi exatamente o show do Flaming Lips, mas a festa dos caras. E como todo carnaval tem seu fim, após pouco mais de uma hora veio o anúncio da próxima atração. Nesse momento um tanto de gente ficou se perguntando: será que tem vaga para bichinho da Parmalat?