
De nerd a descolado em um pulo
Pode não ter sido de propósito, mas a comparação era óbvia. Felipe S, vocalista do Mombojó, apareceu no Pavilhão Centro de Convenções de Pernambuco, no dia 6 de janeiro, com uma camisa do Santa Cruz, time pernambucano que garantiu neste ano a chance de jogar na primeira divisão nacional em 2006. Não entendo muito do esporte, mas sei que uma das apostas mais fáceis para este ano atende até agora pelo nome “segundo do Mombojóâ€. A crÃtica se rendeu e boa parte do público dançou ao som de Nadadenovo, o primeiro disco dos pernambucanos. Agora todos querem saber do tal segundo: o álbum sai pela Trama e já está quase todo gravado. O show foi um divertido amistoso antes que a Série A comece de verdade.

Nação Zumbi, como sempre na penumbra
Chegamos no segundo tempo. Pena que perdemos o inÃcio do Mombojó. Eles começaram a peleja com oponentes que eram amigos, como em todo bom amistoso. Etnia e Nação Zumbi subiram no mesmo palco logo depois, para um público ainda maior. A Nação botou o público para pular com canções que iam desde a época de Chico Science até o novo disco, Futura, também lançado pela Trama. Pena que a banda cria um clima muito sério no palco, com iluminação escassa e o vocalista Jorge Du Peixe soltando sua voz grave sem balançar um só ossinho do esqueleto. Mais do que conferir a velha guarda da cena, o empolgante foi ver o Mombojó.

Mão boba
De longe, os barulhinhos de “Absorva†não deixavam dúvida de que o jogo já tinha começado. A entrada foi um choque, pela idade do público (meninos de 15 anos, em média) e pela desenvoltura da banda em “Cabidelaâ€. Os tais barulhinhos são mesmo tão bons quanto os do disco. A figura de Felipe atrai todas as atenções. Ele resume em movimentos a postura musical da banda: nerd e descolado ao mesmo tempo. Depois da velha conhecida “O céu, o sol e o marâ€, o Mombojó leva com segurança duas músicas que vão estar no disco novo. Os refrões pegajosos aumentam a desconfiança de que Felipe usava a camisa do Santa Cruz realmente como provocação.

Quando o Mombojó ainda morava nas caixas
“Deixe-se acreditarâ€, hit que encerrou a apresentação, ganhou em energia o que perdeu em sutileza. Felipe levantava os braços e adolescentes pulavam descontrolados. Estender o refrão bastou para deixar todos felizes no final. O Mombojó já provou que é bom em barulhinhos e preciso nos detalhes. O septeto, que antes aparecia espremido em caixas, provavelmente vai ter que aprender a jogar em um campo mais espaçoso.