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-- Três Graus de Mornidão --

Escrevendo de: Indieana, 25/08

por Rodrigo Campanella

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Nas telas (as minhas, pelo menos), foi um primeiro dia de filmes em fogo baixo – quando davam sinal de que tudo ia ficar realmente bom, faltava gás para continuar a subida. O segundo teria seus mais altos e mais baixos. Quem foi a "Cream Lemon" e "Melancia" na mostra Japão Cult esperando tomar um safanão do filme no estilo 'fica esperto, rapá', saiu só com um peteleco na orelha (ou em partes pudendas) e um troco de risadas no bolso.

Cream Lemon foi exibido em cópia dvd expandida para tela de cinema, o que literalmente corroeu algumas partes do filme, o mesmo efeito de assistir um vídeo de resolução média em tela cheia no computador. Talvez por isso, o que no começo do filme poderia soar como intimista pareceu apenas chato e difícil de engrenar, apesar do honesto desconforto criado na relação cada vez mais próxima entre o casal de meio-irmãos que protagoniza o filme.

Honestidade, aliás, é a melhor característica desse limão cremoso, ainda mais forte na hora de mostrar um casal que tem pouco tempo e bastante coisa para fazer, vocês me entendem. Enquanto a casa vai virando praticamente uma pilha de lixo, os dois meio-irmãos aproveitam a viagem dos pais, às vezes sem mesmo tempo de fechar a porta da frente. Mas o momento bem-azeitado do filme dura pouco, caindo num quase-drama que é interessante apenas para saber como tudo acaba, e não como história ou filme.

A questão "irmãos" é mais falada do que vista ou sentida na tela, com o assunto polêmico sutilmente lançado para baixo do tapete. Eles simplesmente não parecem irmãos.

Como a cópia não estava boa, não levem tão a sério esses comentários aqui e, se alguém puder, alugue o dvd e me conte a impressão geral depois.

Melancia, o outro Japão Cult, sofre com o fato de passar o filme inteiro contando a mesma piada, que na verdade é dupla, localizada abaixo do pescoço e usa o título praticamente como uma legenda explicativa, melhor no original (water mellon, cuja tradução literal para o português seria melão d'água).

A piada vence várias vezes pelo cansaço, algumas pelo absurdo e outras pela mordacidade geral da protagonista, cria ilegítima de dona-de-casa desesperada com as balzacas pega-homem de sex and the city.

O filme pode lembrar de longe alguma pornochanchada verde-amarela, com humor mais seco e sexo tão desinibido quanto. A classificação 'pornô soft' dada no catálogo é certeira, apesar de ser bem melhor que aqueles midnight movies da Bandeirantes que acompanharam uma geração inteira. Pense naqueles filmes com algumas boas piadas, sem a trilha e a iluminação mela-cueca, com praticamente nenhuma trama e roupas que não foram tiradas de um brechó e acrescente algumas boas seqüências de sexo. Se sobrou alguma coisa na sua cabeça, deve estar perto desse Melancia. A melhor definição você deve encontrar naqueles anúncios nas últimas páginas de qualquer caderno de classificados: diversão para adultos sem compromisso.

O também morno "Ao Fim de Dezembro" fica para o próximo post.

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