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-- Com quê Cinema eu vou? –

Escrevendo de: uma casa de areia e névoa, 26/08

por Rodrigo Campanella

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Depende. Se você entrar na sala por pura sorte e estiver passando um filme de montagem cuidadosa, querendo te contar apenas uma história comum com todo aquele amor e aquela indecisão ao olhar para o mundo que você talvez conheça bem, e isso tiver um sabor inconfundível de nouvelle vague mesmo sendo polonês, você estará vendo “Até logo, até amanhãâ€, longa de estréia do diretor Janusz Morgenstern. A gente recomenda sinceramente que você pegue pelo menos um filme dos seis dele em retrospectiva, chance uma-em-um-milhão de ver um filme de Morgenstern no Brasil em telona.

Já se você entrar e sair satisfeito e puto da vida de ver um panorama da estupidez humana tão bem cravado na tela, com um time de atores distorcidamente afinados como se fossem quebrar o camarim depois de sair de cena, você estará vendo “Os Maus Perdedoresâ€, de Fredérick Balekdjian. Se houvesse um prêmio por melhor elenco, já era desse filme.

Vá avisado, amigo: Balekdjian não vai fechar todas as pontas no final ou te contar uma história redondinha. O que ele vai te dar é um plano geral sobre uma sociedade sem saída, onde quem joga limpo toma rasteira e quem lava as mãos termina com elas cheias de sangue. Num tempo em que há gente defendendo que o mundo é plano e as oportunidades são igualmente brilhantes para todo mundo, “Os Maus†diz que o mundo é chato, a máfia é forte e a maioria das portas está fechada.

Como se ainda não fosse o bastante, entrega a mais bem montada e tensa seqüência final que eu vi nesse Indie até agora. Tocando apenas o dedo na ferida social, acaba sendo o filme mais político visto até agora, especialmente em ano eleitoral: enquanto tudo for cada um por si, sempre haverá destruição o bastante para todos.

E o mais engraçado: se no sessentista “Até Logo, Até Amanhã†a Polônia parece Paris, no recente “Os Maus Perdedoresâ€, a França parece o mundo inteiro.

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