Chega a ser quase sublime aquele momento em que um diretor abraça o infinito. Explico com dois exemplos: quando Misha, a protagonista de “Puroâ€, começa a viajar em pirações da sua mente em um momento “Quero ser John Malkovich†wannabe; ou quando Rachel desce um bueiro, no final de “Os retornadosâ€.
No primeiro caso, eu pensei: a partir de agora, o diretor Jim Donovan descobriu que pode fazer o que quiser. Literalmente. Ele já tinha perdido o rumo do filme há meia hora atrás, mas naquele momento, ele se superou. Para usar o universo do filme, ele tomou um ecstasy violento e viajou na purpurina. E olha que até achei o inÃcio do filme promissor. Destaque especial para as metáforas quÃmico-biológicas dos off’s de Misha, com a profundidade de um pires.
No segundo, a reação foi: “Meu Deus, agora eles entraram na escotilha e a gente só vai saber o que acontece na próxima temporadaâ€. Bastante já foi dito pelo editor Rodrigo Campanella. Eu só reforço que eu estava esgotado depois de três filmes e o longa conseguiu fazer com que duas horas parecessem dez anos. E eu sabia desde o começo que o diretor Robin Campillo não ia explicar o que estava acontecendo. Mas eu tentei. Só que a pretensão foi demais.
E se você está mais perdido que cego em tiroteio, ainda pode conferir duas pequenas gemas: o norueguês “Histórias de cozinha†ainda passa hoje, sábado, às 19h15 no Usina, e na terça-feira, 29/08, às 18h30 no Humberto Mauro. E “Em segredo†ainda passa na segunda-feira, 28/08, às 18h30, também no Humberto Mauro. Eu assisti aos dois e recomendo.
Te vejo nas filas de “Elegia ao duplo suicÃdio†e “O arcoâ€, se você estiver por lá.