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Provavelmente alguém ainda vai virar um dia para você e comentar que “Cabra Marcado para Morrer†é uma obra-prima. E não estranhe se você não entender o porquê na primeira vez.

O documentário de Eduardo Coutinho faz 24 anos, continua bonito na tela como nunca (especialmente quando se pode assistir em película, verdadeira raridade), mas é exigente. Pede paciência, atenção e coração aberto. Dá em troco uma aula de História: do Brasil, do cinema brasileiro, do documentário...

O Brasil parece desacreditado de toda a questão da História. Entre o peso e o sabor que ela tem, só o segundo é levado em conta. Jogamos a memória e as histórias do outros pra debaixo da geladeira, porque ali é certeza de que ninguém vai mexer tão cedo.

Coutinho, ao contrário, vai atrás do próprio filme de ficção que nunca terminou de gravar e que levava o mesmo nome. Naquela época, foi travado e perseguido pela ditadura. Agora, vira personagem do próprio filme. É ele que tem por missão resgatar a história não contada até o fim, retomando agora o fio dos que participaram daquelas filmagens. E, no meio, toma para si a tarefa de reunir, ali no documentário, a família partida da protagonista daquela história tão longe.

É uma aula de humanidade sem academicismos extremos, sem maracutaias narrativas, sem grandes jogadas intelectuais (isso é lá pro Lars Von Trier, que faz muito bem, que bom, esse jogo). O caso aqui é mais simples e que só funciona quando bate no peito. E nos peitos calejados de quem vê muito cinema hoje em dia, corre o risco de não bater tão forte. Nós que perdemos.


As Cinco Obstruções, de Lars Von Trier e Jorgen Leth

E pensar que “Cabra Marcadoâ€, lá bem no comecinho, foi montado numa das ilhas de edição da Rede Globo....

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