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07 de outubro – Um filme nunca acaba quando o projetista acende a luz

Dez da manhã

por Rodrigo Campanella

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Sexta de noite, eu pego um ônibus centro-bairro aqui em Belo Horizonte, depois de “A Virgem Desnudada por seus Pretendentesâ€. A única cadeira livre na janela é de costas, lá perto da porta do fundo.

Depois de mais de meia hora, eu ouço o cara encerrar uma conversa no celular atrás de mim, dizendo:

“Olha, então se cuida com essa cervejada toda sua, essa cocainada toda sua. Cuidado com a coca porque tão misturando todo tipo de pó no meio, arrebenta os rins, o estômago. E pode me ligar, a hora que for. Eu te atendo, nem que eu tiver no inferno eu te atendo. Beijo.â€

E foi em silêncio completo, mais meia hora, até o ponto em que eu desci.

...........

Sobre “A Virgem Desnudada por seus pretendentesâ€, de Sang-Soo, o que mais me impressiona, mais de vinte e quatro horas depois de assistir, é a intimidade com que a gente entra naquela história. É bem filmado, bem escrito e pensado com talento – talvez mais talento do que carinho, apesar do diretor claramente ter simpatia por aqueles personagens.

Mas é um filme que me marca mais pelas partes do que pelo todo – são elas que voltam de leve na minha memória. O melhor – é comédia romântica mas o riso não vem de piadinhas e nem o romance vem da dose extra-forte de glicose. É romântico até onde dá para ser tendo algum cinismo diante do amor, temperando com afeto. Sexo é o que gira a roda desse filme, mas de um jeito sincero, onde o sexo nunca vira coisa ou imagem fácil.

De brinde, uma ou duas cenas de cama das mais constrangedoras que esse Indie provavelmente vai exibir em 2007. E uma fotografia em preto e branco que não cansa de ser agradável.

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