Raramente alguém vai a um festival ou mostra de cinema para ver um filme. O mais normal é chegar lá para ver vários, mudar de plano encontrando sessões já lotadas ou com filas imensas – como as do Usina de Cinema, nesse domingo de noite.

Você já entra em uma sessão sabendo – ou pelo menos com uma boa idéia – do que vai ver em seguida. E se o filme passando na tela começa a tentar te enrolar porque não soube rechear uma hora e meia de projeção, é difícil não começar a pensar em qual vai ser o próximo, mesmo?

E até que o tal filme tinha algum futuro, na zona do escracho total e descabeçado que faz parte do cinema americano fora da indústria. Em “Smiley Face�, Anna Faris (Todo Mundo em Pânico ) é Jane, aspirante a atriz e viajandona profissional. A viagem de Jane é diária, e começa com uma puxada de fumo antes das nove da manhã, exercício renovado diversas vezes ao longo do dia.

A quase-história do filme começa quando ela, numa crise de larica, come os bolinhos de maconha feitos por seu colega de apartamento para uma convenção de fãs de sci-fi. Daí pra frente, o que podia ser uma seqüência de piadas surreais e psicologicamente lesadas vira apenas um longo passei em círculo para constatar que: 1) gente muito emaconhada não consegue completar frases (ou ações) conexas; 2) isso quer dizer que escrever bons diálogos e bolar situações razoáveis está fora de questão para esse filme. Bastam closes na bonita Faris esvaziando a mente de boca aberta olhando para cima e uma cópia original do “Manifesto Comunista� nas piores mãos – suspostamente, o filme surgiria como mágica disso aí.

De qualquer jeito, o diretor Gregg Araki poderia ter escolhido o Indie para a premiére mundial do filme. Dificilmente ele vai encontrar outra platéia tão simpática para suas idéias. O público riu bem, e alto, durante o filme, com pouquíssima gente debandando da sessão no domingo, na sala 1, a maior do festival.. Apesar disso o clima na saída era morno, muito morno, mas talvez pela corrida de boa parte do público para tentar pegar a fila do ingresso para a sessão seguinte.