Ontem bateu curiosidade e eu fui ver o teaser trailer de “O Aperto de Mão da Guatemalaâ€, que um colega já tinha comentado (“muito bomâ€) enquanto a gente esperava na fila para ver o filme nessa segunda. Hoje, no almoço, “O Aperto†voltou a bater forte na minha cabeça, de repente.
Se o filme começa sedutor e só aos poucos vai abrindo sua complexidade (ou sua excentricidade) para o público, acho que ele tem boa chance de laçar até o fim a cabeça de quem assiste. Portas bem elaboradas fazem a diferença.
E “The Guatemalcan Handshake†abre com o que o faz especial: uma série de imagens em rewind e câmera lenta, uma balada de fazer o tempo passar macio tocando ao fundo. E é o carinho em filmar, em contar uma história no cinema, que se mistura como uma calda doce na massa do filme.
Depois de três dias, ainda lembro dele como a mesma obra estranha, nonsense, sem guia de direção e talvez engraçadinha demais que eu vi na segunda. Ao mesmo tempo, junto com “Império dos Sonhosâ€, de David Lynch, é o filme do Indie que provavelmente eu vou rever logo que possÃvel.
O tempo, o lugar do tempo, talvez seja a coisa que torna esse filme do americano Todd Rohal tão atraente. O enredo é uma espécie de estilingue giratório de historietas, imagens, nomes e situações que parecem não chegar a lugar nenhum, sem rumo para o futuro – mas vivendo uma espécie de presente absoluto, o total agora. E o aconchego do filme talvez exista em parte aÃ, na possibilidade de viver o agora sem muita conexão com “o que aconteceu antes†e “o que vai vir depoisâ€.
E essas mesmas situações sem lá muito rumo acabam remetendo a outras situações da vida cotidiana, outras soluções para história, a clichês para construir um roteiro americano – mas sempre tirando essas coisas do lugar em que nós estamos acostumados a encontrá-las. É um descolamento que talvez se aproxime do mundo confuso que uma criança não consegue compreender, e que na cabeça dela acaba virando um universo mágico. Por sinal é uma menina, Pernasdeperu (Turkeylegs), um dos fios condutores do filme, se é que dá para dizer que o filme tem isso.