
Dizem que as melhores festas de Tiradentes são no quarto do 02
Fui atrás de Milhem Cortaz, ator do filme Meu Mundo em Perigo, de José Eduardo Belmonte, para que ele desse algumas palavrinhas sobre seu trabalho e sua participação na Mostra de Cinema de Tiradentes.
Qual a importância da Mostra de cinema de Tiradentes?
É o segundo festival mais importante do paÃs, depois do Festival de BrasÃlia. Mas o de Tiradentes é importante pela juventude. Ontem eu reparei que tinha um monte jovens se levantando e indo embora. Não acho que é porque não estavam gostando do filme, mas sim porque o festival está educando uma geração que não tem paciência para ouvir, de ficar parado no mesmo lugar. Eu acho que a importância desse festival é fazer os jovens ouvirem.
Como é trabalhar em um filme totalmente mainstream, com Tropa de Elite, e pouco tempo depois atuar com o Belmonte em um filme praticamente sem orçamento, que poucas pessoas tiveram a oportunidade de assistir? Como é transitar entre esses dois universos?
É um privilégio. Poucas pessoas têm essa oportunidade. Eu escolho meus trabalhos, não faço qualquer coisa. Mas além de me sentir um homem talentoso, eu tenho uma vantagem: a sorte. Os projetos que caem no meu colo são sempre muito interessantes, independente do orçamento. Eu me escolho os meus projetos pelas histórias que são contadas, não pelos personagens. Não me importo em fazer personagem pequeno, nem em fazer ponta. O importante é que a história seja boa. Se não tem espaço para eu ser um grande colaborador naquela história, vou ser um pequeno, nem que seja um caboman. Eu gosto de cinema por causa disso. Se você pegar um filme que tenha sido bom de trabalhar, você nunca vai se lembrar dele por uma seqüência, e sim das histórias que você viveu. Um filme é bom pelas histórias que ele conta, e você não conta histórias sozinho. E é por isso que eu faço cinema. Por que eu gosto de pessoas. Gosto de passar um ano, dois, dez meses com essas elas, de enamorá-las.
Como foi atuar em um filme onde os personagens são tão comuns e próximos do real? Foi diferente dos outros trabalhos que você fez?
Não foi diferente. É a forma como o Zé (José Eduardo Belmonte) encaminha a gente. Ele é a única pessoa que consegue, de uma forma amorosa e generosa, tirar aquilo que você não mostra pra ninguém. É uma coisa muito particular, que eu às vezes coloco em conta gotas em cada personagem, mas eu nunca expus assim por inteiro, mas ele consegue me dar uma pasta inteira com todos os meus defeitos, felicidades e inseguranças. Trabalhar com o Zé para mim é importante por que eu estou melhorando como pessoa. E é verdade isso. Ele consegue me fazer enxergar o quanto eu sou uma pessoas melhor do que eu sou ator.