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Jay-Z odeia Oasis, Alex Turner ama Jack White e Amy é um drinque

28/07

por Rodrigo Ortega

Fotos: Rodrigo Ortega

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Sábado foi um dia ensolarado e surreal em Glastonbury. Jay-Z fez cover de "Wonderwall", Alex Turner fez um show surpresa com participação de Jack White e Amy Winehouse apareceu pra cantar com a cabeleira decorada com mini guarda-chuvas coloridos, daqueles de drinques tropicais.

Acordei e descobri que todas as pessoas do mundo, pelo menos deste mundo aqui, têm um óculos escuro com armação colorida, tipo new rave. Pelo menos metade do público do show do septeto galês Los Campesinos! usava um desses. O show foi um ótimo início de surrealidade.

"Agora nós vamos tocar 'This Is How You Spell Hahaha, We Destroyed The Hopes And Dreams Of A Generation Of Faux-Romantics' ", anunciou o vocalista Gareth. E o pior é que a música é boa. Ele pula como se estivesse dando piti, vai cantar na grama, no meio das pessoas e dá selinho pra frentex no outro guitarrista antes da sensacional "You! Me! Dancing!".


O selinho prafrentex do Los Campesinos!

Mas animado mesmo foi o show do Wombats, trio de Liverpool de rock engraçadinho, da linha que começa no Supergrass. Muita gente canta junto músicas como "Moving to New York" e "Let's dance to Joy Division". No palco, só os três músicos e o mascote da banda - um marsupial gigante com... um óculos new rave! Antes do hit "Backfire at the disco", tive que sair correndo para o show dos Raconteurs.

O show da banda de Jack White e Brendan Benson, foi o mais "eu já sabia que ia dar certo" da história, pois o último disco deles, Consolers of the Lonely, parece ter sido composto especialmente para ser tocado em grandes festivais de verão como este. Rocks feitos como se estivéssemos nos anos 70, que criaram o clima para grandes jams instrumentais, e belas baladas, como "You don't understand me" e "Many shades of black" funcionaram muito bem na tarde ensolarada. O clima estava perfeito, sem nuvens - até nisso Jack White é sortudo pracaralho.

No fim da tarde, no palco The Park rolou o segundo show surpresa do festival: os Last Shadow Puppets, dupla formada por Alex Turner, vocalista dos Arctic Monkeys, e o já citado vocalista dos Rascals. Na última música, Jack White apareceu com sua guitarra.

A apresentação foi curta, com oito músicas. Os dois se alternam entre guitarra, violão, voz principal e backing, como uma brincadeira de amigos adolescentes que estão aprendendo a tocar. Só que eles já aprenderam há algum tempo, e as músicas são bonitonas. Os destaques são a balada "Meeting Place" e o primeiro single e nome do disco, "Age of the understatement".

A aparição de Jack White foi tão inesperada quanto rápida. Ele entrou, fez um solo cheio de microfonia de quinze segundos, deixou a guitarra e saiu sem falar nada. Foi uma sensação de "ahn?" típica de Jack White: Ou ele foi genial ou ele ficou com preguiça de terminar o solo.


Jack White e os Last Shadow Puppets (foto: NME)

Nisso, a área em frente ao palco principal, onde Amy Winehouse tocaria, estava absurdamente cheia, tipo Rolling Stones em Copacabana. De onde eu consegui ficar, o telão era bem mais confiável do que a imagem real. Mas deu pra ver o cabelo armado e grandão como nunca (provavelmente pesando mais do que o resto do corpo), com os mini-guarda-chuva espetados. Toda hora a cantora colocava a mão neles, pra conferir se estava tudo em ordem.

Ela conseguiu cantar bem, mesmo com a voz muito rouca, e até dançar. Mas a cantora parecia meio fora da realidade, como sempre, e dava vários goles em um copo opaco. Os intervalos das músicas foram longos, e ela balbuciou um monte de coisas desconexas sobre Jay-Z e Blake, claro. Ela também citou seu amado encarcerado em "Back to Black" e "Loving is a losing game". Para provar que não está tão mal assim, Amy ainda apresentou todos os integrantes de sua ótima banda pelo nome.

O show dela terminou de uma maneira meio bizarra. No meio de "Me and Mr. Jones", ela desceu desequilibrada para a parte de baixo do palco e depois para a área dos fotógrafos, já na música de encerramento, "Rehab". Ela quase pulou para o lado de lá da cerca, e parece ter brigado com uma garota que puxou seu cabelo. No fim das contas, ela está em médio estado musical e ótimo estado de barraqueira. Tá rolando agora esse vídeo abaixo que mostra um pouco da confusão.


Amy e os guarda-chuvas coloridos (foto: NME)

A maior parte da multidão continou no mesmo lugar para ver o polêmico show do rapper Jay-Z. Durante todo o festival tentou-se rebater as críticas do Noel Gallagher à sua escalação como headliner. Defendê-lo aqui tornou-se "politicamente correto". Artistas como Estelle e Beth Ditto, do Gossip, falaram bem de Jay-Z no meio de seus shows.

Então ele fez o que qualquer norte-americano faria nessa situação - tirou proveito de toda a polêmica. O show começou com um vídeo com declarações verdadeiras e falsas sobre o tema, inclusive a fala de Noel. Eis que um dos músicos começa a tocar os acordes de "Wonderwall" no violão e Jay-Z dubla metade da música. O engraçado é que todo mundo cantou junto, como se não tivesse sido zoação. Olha aí (esse vídeo não é meu, claro):

Mas muita gente acompanhou também os raps do namorado da Beyonce, que não teve a auto-confiança tradicional de rapper abalada nem um pouco. Mas no meio de sua versão para "Rehab", resolvi voltar ao The Park para ver se o CSS é mesmo adorado na Inglaterra, ou se é papo do Lúcio Ribeiro.

A resposta foi bem positiva para a banda paulista. O espaço em frente ao palco (infinitamente menor do que o do principal, é bom frisar) estava lotado. Muita gente cantou de cor as letras de músicas como 'Meeting Paris Hilton' e 'Let's Make Love And Listen To Death From Above'. O palco era decorado com balões e dois grandes globos de discoteca no formato de cabeças de burro. Eles tocaram três canções do disco novo, Donkey, bem mais pesadas e roqueiras que as anteriores.

A banda, toda de perucas brancas, e Lovefoxxx, que alternou figurinos como uma espécie de Bombril gigante, uma roupa prateada e outra colorida coladas ao corpo, pareciam estar vivendo o momento de suas vidas. "Estou tão feliz que poderia morrer. Tão feliz que poderia virar loira", disse Lovefoxxx, sempre boa em declarações surreais - perfeitas para encerrar este dia.

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