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Negócio em família

09.07.09

por Daniel Oliveira

Atrizes

(Actrices, França, 2007)

Dir.: Valeria Bruni Tedeschi
Elenco: Valeria Bruni Tedeschi, Noémie Lvovsky, Louis Garrel, Mathieu Amalric, Marysa Borini, Valeria Golino, Maurice Garrelrn

Princípio Ativo:
neuras balzaquianas

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“Atrizes†usa em sua trama vários arquétipos ligados ao universo feminino. Alguns deles psicológicos, outros advindos do mundo do teatro:

1- Atrizes são grandes recipientes vazios prontos para serem preenchidos por diretores autoritários e chauvinistas.

2- Elas também são carentes e inseguras, em constante busca de atenção e aprovação.

3- Mulheres que permanecem solteiras após os 30 anos estão desesperadamente em busca de um parceiro. E não o encontram porque ficam tentando, na verdade, achar um substituto para a figura paterna perdida.

4- Essas mesmas mulheres estão em constante conflito com suas mães, passando a vida toda atrás da aprovação delas.

5- Sozinhas e vazias, elas só serão completas através da procriação, desenvolvendo um instinto maternal com relação a qualquer mosquito que pouse em suas pernas.

Verdadeiros ou não, o fato é que esses arquétipos acabam se tornando estereótipos, ao serem todos acumulados na protagonista Marcelline – interpretada por Valeria Bruni Tedeschi (irmã de Carla Bruni e namorada do Louis Garrel), também roteirista e diretora do filme. Ela é uma atriz parisiense de sucesso, envolvida em uma montagem teatral de “A month in the country†de Turgenev. Confrontada com a protagonista da peça, decidida e independente, Marcelline se vê sozinha, carente e infeliz em sua vida pessoal.

Valeria encabeça um elenco de primeira e se mostra uma promissora diretora de atores – as sequências dos ensaios da peça e as cenas da atriz com sua mãe são ótimas. O problema é que, com uma protagonista lotada com tantas 'questões', os demais personagens que a cercam se tornam meros acessórios, sem profundidade ou vida própria.

Isso é ainda mais criminoso quando se leva em conta que o filme tem nomes como Mathieu Amalric, impecável como Denis, o diretor da peça, e Maurice Garrel (avô do Louis) como o pai de Marcelline. Com exceção da protagonista, a única outra personagem que chega a ser desenvolvida é a assistente de Denis (e ex-colega de aula de teatro da protagonista) Nathalie. Não por acaso, ela é interpretada por Noémie Lvovsky, co-roteirista do longa.

Só que, tão problemática quanto Marcelline (apesar de mais cômica), Nathalie não consegue dar um respiro ao filme. Lá pela metade de “Atrizesâ€, as neuras da protagonista deixam de ser interessantes e passam a parecer mera auto-indulgência da diretora-roteirista-e-atriz, que soa simplesmente chata e cansativa. Aí, principalmente se for homem, você já perdeu a paciência. E solta a frase-estereótipo pra combinar com o filme: “Cinema francês é um saco mesmoâ€.

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Valeria, o namorado Louis e seu cabelo mais expressivo que o rosto.

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