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Ãdolos profanos

06.11.09

por Daniel Oliveira

Fama

(Fame, EUA, 2009)

Dir.: Kevin Tancharoen
Elenco: Kelsey Grammer, Megan Mullally, Bebe Neuwirth, Kay Panabaker, Naturi Naughton, Asher Book, Debbie Allen, Walter Perez, Collins Pennie

Princípio Ativo:
cultura pobre contemporânea

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O “Fama†original de 1980, dirigido por Alan Parker (que cometeria “Evitaâ€), acompanhava um grupo de aspirantes a “artista†durante sua formação em uma academia com professores severos, que lhes ensinavam a importância da ousadia e da disciplina. Que isso tenha desastradamente desembocado em uma das piores e mais persistentes pragas contemporâneas não é totalmente culpa do filme.

Afinal, sua proposta era valorizar a liberdade e experimentação trazidas pelo Flower Power dos anos 70 que, aliadas a talento, paixão e disciplina resultariam em excelência. Ninguém assiste a Simon Cowell, American Idol e àquele programa da Angélica que roubou seu nome por isso. As pessoas querem rir dos losers e das crueldades dos jurados. Não por acaso, nenhum sucesso duradouro surgiu desses programas.

Esta refilmagem de mesmo nome é um vômito desse processamento sofrido pela ideia original ao longo dos anos, azedado pelo pior da cultura pop contemporânea:

1- O maior destaque no currículo de seu diretor, Kevin Tancharoen, é “The pussycat dolls: A busca pela próxima doll†– então espere por números musicais dignos de clipes de Britbitch, Aguilera e afins. Bom para quem gosta, irritante para o resto.

2- Mirando nos fãs de “High school musicalâ€, “Fama†conta com o casalzinho Virgem Sonsa / Gay Enrustido: “Você vive me cantando e eu sempre digo não. Por que acha que isso acontece?â€. “Porque eu sou gay e mais feminino que você?â€. Ok, a última frase é inventada. A primeira, não.

3- Óbvio que não poderia ficar de fora a atual dominação da cultura pop norte-americana pelo rap, hip hop e afins. A política de cotas invertida, coerentemente, substitui a vibe “Age of aquarius†do original.

Dos American Idols e afins, “Fama†ainda empresta os jurados / professores mais interessantes que os pupilos. Pena que no filme de Tancharoen, os ótimos Kelsey Grammer, Megan Mullally e Bebe Neuwirth desapareçam quase por completo lá pela metade e nos deixem sozinhos no meio da gritaria.

Sobra o elenco infanto-juvenil, com suas tramas ainda mais infanto-juvenis. Ambos péssimos. Quando uma professora diz ao aluno que ele é horrível e não vai dar em nada, você acha que ele vai correr atrás e algo interessante vai acontecer. Mas não. Ele chora. Não há um conflito que sustente o roteiro e os alunos nunca deixam de ser meramente tipos a serem exemplificados, em vez de Personagens. A sensação é a de assistir a algo que você veria semidormindo domingo à tarde no Disney Channel.

Se é a maior ofensa que o original, vencedor de dois Oscar (inclusive pela antológica música Fame), já sofreu? Não, afinal tem o programa da Angélica, né?

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Nao espalha, mas ele está pensando no Zac Efron.

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