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Belo filme para voar

23.12.09

por Daniel Oliveira

Ervas daninhas

(Les herbes folles, França/Itália, 2009)

Dir.: Alain Resnais
Elenco: Sabine Azéma, André Dussolier, Anne Consigny, Emmanuelle Devos, Mathieu Amalric, Sara Forestier, Vladimir Consigny

Princípio Ativo:
o pedigree de Alain Resnais

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Chavão nº 1: Em time que está ganhando não se mexe.

Por isso o cineasta francês Alain Resnais recrutou Sabine Azéma e André Dussolier, protagonistas de - ou “Medos privados em lugares públicos†- seu filme anterior, sucesso no circuito alternativo – para este novo “Ervas daninhasâ€. Ele é Georges Palet, o estranho cinquentão que encontra a carteira dela, Marguerite Muir, uma dentista solteira e piloto de avião nas horas vagas, assaltada após sair de uma loja. Casado e pai de dois filhos, Palet se torna obcecado por Marguerite que, assustada, evita seu perseguidor a princípio, mas eventualmente desenvolve uma estranha uma relação com ele e sua esposa, Suzanne (Consigny).

E Azéma e Dussolier não decepcionam, tornando críveis as inusitadas atitudes de seus personagens, suas idiossincrasias e francesices, mesmo nas cenas em que o roteiro entrega pouco ou deixa a desejar. Mas eles não estão sozinhos.

Chavão nº 2: Este é um filme francês com Mathieu Amalric no elenco.

Dos 10 últimos filmes franceses que eu resenhei, Amalric estava em oito. Alguém dê férias pro cara. Em “Ervas daninhasâ€, ele faz um papel mínimo, do policial que conecta Georges e Marguerite - perfeitamente ignorável caso fosse interpretado por qualquer outro ator. Mas Amalric incorpora a postura física e a empostação de voz de um policial. Ele flerta com o cômico. Cria suspense. Rouba cenas. É impossível tirar os olhos dele.

E isso desvia um pouco a atenção do centro gravitacional do filme. É fácil entender porque o ator quis trabalhar com Alain Resnais. O mesmo acontece com Emmanuelle Devos e Anne Consigny – essa última se dá melhor dentre os três, como a esposa que conta no rosto sofrido toda a história do instável Georges.

Chavão nº 3: Alain Resnais é um dos maiores cineastas vivos.

E consegue elevar qualquer material. Apesar de se passar na mesma Paris etérea e de sonho de “Medos privadosâ€, “Ervas daninhas†não tem a mesma capacidade de amarrar os encontros e desencontros dos personagens que o filme anterior tinha, com um roteiro irregular e que muda drasticamente de tom no terço final.

É Resnais que encontra cinema ali, criando um visual em que as mulheres são cores/sentimentos que hipnotizam e preenchem o vazio do protagonista. O diretor ironiza o grande “encontro†dos romances cinematográficos - em que duas pessoas se esbarram porque estão predestinadas para sempre – com a trilha da vinheta da Fox mostrando hilariamente que isso funciona no cinema, mas não na vida. E camufla com seus belos movimentos de câmera as coincidências pouco resolvidas do roteiro. É por ele que vale a pena ver o filme, mesmo que já tenha feito bem melhor...

Mais pílulas:
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Sim, sim, é o Mathieu Amalric ali no cantinho...(pare de olhar para ele!)

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