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Assim caminha a humanidade

07.05.10

por Renné França

O mundo imaginário do Dr. Parnassus

(The imaginarium of Dr. Parnassus, Reino Unido/Canadá/França, 2009)

Dir.: Terry Gilliam
Elenco: Christopher Plummer, Heath Ledger, Tom Waits, Johnny Depp, Colin Farrell, Jude Law

Princípio Ativo:
a morte de Ledger

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“Mas eles estão todos mortos!â€,

diz a mulher ao ver miniaturas de barcos adornados com fotografias de James Dean, Rodolfo Valentino e a princesa Diana (entre outros) em uma espécie de cortejo fúnebre.

“Entretanto são imortaisâ€,

responde Tony, momentaneamente com corpo e voz de Johnny Depp. A cena é a mais emocionante de “O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus†e todo o seu impacto se deve ao fato de que é impossível separar a ficção da realidade: trata-se do último filme de Heath Ledger.

O australiano deixou seu personagem, Tony, com algumas cenas já filmadas, mas muito dá história ainda precisava ser contada. Para substituí-lo, além de Depp, entraram no filme Jude Law e Colin Farrell. A mistureba de atores só é possível graças ao caráter fantástico da história e, surpreendentemente, funciona muito bem.

Terry Gilliam, diretor com clara preferência pelo universo fantasioso, conta a história do pacto entre o Diabo (Waits) e o tal Parnassus do título (Plummer). Ele é o líder de uma espécie de trupe de saltimbancos que convida as pessoas a atravessarem um espelho mágico para um mundo onde suas maiores fantasias se realizam. Uma vez lá, elas devem fazer a escolha certa, caso contrário suas almas vão para o belzebu. E é no meio dessa aposta que aparece o misterioso Tony (Ledger), que pode desestabilizar a competição entre os dois.

A história é interessante e Gilliam abusa dos efeitos especiais para criar seu colorido mundo de fantasias, em um importante contraste com a realidade suja do universo daquela trupe. Waits está divertido como o Diabo e Plummer nem tem muito o que fazer com um personagem sempre bêbado. Quem domina a tela é mesmo Heath Ledger. Depp, Law e Farrell fazem uma ótima interpretação da interpretação de Ledger, atuando como Tony quando ele atravessa o espelho. Mas infelizmente, as peças não se encaixam tão bem como deveriam.

Além de alguns problemas com personagens centrais criminosamente desinteressantes (como o próprio Parnassus ou o Anton de Andrew Garfield), o clima de trabalho incompleto paira o tempo todo no ar. Há uma mudança de tom no personagem de Ledger que não se explica, denunciando que seu arco dramático não foi satisfatoriamente resolvido com a entrada dos três atores-substitutos.

Com muitos altos e baixos, “Parnassus†está longe de ser um grande filme. Para o bem e para o mal, será mesmo lembrado como um tributo a Heath Ledger. Não era nada do que seus realizadores esperavam, mas é o que é. Como o próprio filme mostra, a realidade acaba sempre superando a fantasia.

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No jokes.

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