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The real housewives of Abu Dhabi

28.05.10

por Daniel Oliveira

Sex and the city 2

(EUA, 2010)

Dir.: Michael Patrick King
Elenco: Sarah Jessica Parker, Kim Cattrall, Cynthia Nixon, Kristin Davis, Chris Noth, John Corbett, Penélope Cruz, Evan Handler, Max Ryan

Princípio Ativo:
futilidade fabulosa

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Logo no início de “Sex and the city 2â€, o ex-Mr.-Big-atual-Mr.-Carrie-Bradshaw John Preston (Noth) pergunta à esposa: “quanto tempo dura um casamento gay?â€. Ao que ela responde: “Ouvi dizer que é rápido, mas que a tortura dos héteros em seguida é lenta e cruelâ€.

É o aviso do criador-roteirista-diretor Michael Patrick King. Se você é um macho alfa que não consegue imaginar nem dois caras de mãos dadas, vai se sentir no cinema como o penetra arrependido de um casamento gay. Com direito a roupas e decoração espalhafatosas, cisnes, caras sarados fazendo o papel de Megan Fox e... Liza Minelli. Cantando Single Ladies.

“Sex and the city†é o blockbuster das meninas (e dos gays). E elas têm direito. Se fosse o “Cavaleiro das Trevas†girlie, não teria nada de errado. Mas é o “Transformersâ€. E eis aí o problema: essa sequência ao sucesso de 2008 são absurdas 2h30 completamente destituídas de história, conflito, desenvolvimento de personagens ou...cérebro. “Sex and the city 2†é “Transformers 2â€, com estrogênio no lugar da testosterona.

A única com um arco dramático (mesmo assim, de desfecho preguiçoso e piegas) é a protagonista Carrie (Parker), que passa pela crise de dois anos de casamento devido aos seus já conhecidos egocentrismo, imaturidade e medo de uma vida feliz sem dramas. Ela encontra o ex Aidan (Corbett) durante a viagem das garotas a Abu Dhabi e... já viu...

Kim Cattrall segura Samantha com seu bom timing cômico, em uma trama sem começo nem fim sobre reposição hormonal. Charlotte (Davis) virou uma madame insuportável nos filmes e só tem uma cena boa, quando se esconde das filhas. E é um crime o que fizeram com Cynthia Nixon, ótima atriz, interpretando aqui um alívio cômico esvaziado de sentido, personalidade e história decente.

“Sex and the city 2†comete o mesmo erro do filme anterior, tirando as quatro de Nova Iorque – a verdadeira protagonista da série. Em Abu Dhabi, a futilidade, alienação e afetação das personagens soam como ignorância – principalmente nas cenas finais, quando o filme tenta fazer críticas ao Islã. Longas como SAT2 que arriscam afirmações políticas assim tendem a soar arrogantes, palpiteiros e superficiais. É o que acontece aqui.

Ao tentarem diminuir a saudade que os fãs sentem das quatro moças-festeiras (e fazer uns bons trocados de quebra), elas acabam se tornando algo próximo de “the real housewives of Abu Dhabiâ€, cuja vida de mães e casadas não é tão interessante assim. Os eternos almoços, cosmopolitans e diálogos não chegam aos pés do que a série oferecia, sendo meras desculpas para as incessantes trocas de figurino. Aliás, eis aí o legado de SAT2 para o cinema: o fim da função de continuísta, já que a cada plano as moças estão com roupas (absurdamente caras) diferentes.

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#Pílulafacts: Isso é bem mais divertido com Manhattan ao fundo.

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