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Classe Média Baixa Records

30.05.10

por Rodrigo Ortega

Superguidis - Superguidis

(2010)

Top 3: "Não fosse o bom humor", "Aos meus amigos", "Casablanca".

Princípio Ativo:
Bananas maduras

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Os gaúchos do Superguidis estão para grande parte das outras bandas nacionais assim como o cinema argentino está para o cinema brasileiro. Sem se subtrair em questões sociais nem se afundar no resgate de raízes, o quarteto usa uma linguagem incomum de tão comum e canta o drama da vida privada sem vergonha de pertencer ao elenco da "classe média baixa records", como diriam os também gaúchos dos Walverdes.

Talvez essa proximidade com as músicas dos Superguidis seja ainda maior para mim, que passei a adolescência ouvindo o som do Nirvana que eles gostam de emular. Eu sempre truco quem diz que nasceu numa roda de samba: pelo menos para a minha geração, raiz era guitarra distorcida e questão social era o preço do refri na cantina do colégio. Foi com fé nos riffs e nas histórias sobre a tragédia de ser um cara sem nenhuma tragédia que eles conquistaram uma pequena massa de adoradores em Superguidis (2006) e A Amarga Sinfonia do Superstar (2007).

Numa das músicas mais legais deles, "O Banana", de 2006, o vocalista Andrio Maquenzi cantava: "Que banana que eu sou / um completo bundão". Fast forward para 2010: "Não sou esse idiota que você pensa que eu sou / Faz tempo que eu deixei de ser tão besta", canta Andrio em "Casablanca", do recém-lançado terceiro disco deles. Os garotos estranhos cresceram. Os anos 90 tocando Pavement no fone de ouvido e os 00 tocando músicas próprias em inferninhos já não são novidades.

Agora eles devem ter mais grana ou tempo pra investir na produção do álbum, o que siginifica conseguir distorcer ao máximo as guitarras sem perder a linha melódica. É bom de ouvir, mas não é isso que separa o barulho dos Superguidis no festival de outras bandas similares.

Unir o esquisito ao familiar, nos riffs e nas letras, é a especialidade deles, alcançada com louvor nas faixas de abertura, "Roger Waters" e "Não fosse o bom humor" e de encerramento, "Aos meus amigos". No recheio, uma contradição: a banda mais segura de si perde um pouco do seu charme. Mas nada que momentos inspirados como "Casablanca" e "Fã-clube Adolescente" não compensem.

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