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A ‘América’ e seus americanos

16.07.05

por Rodrigo Campanella

Espanglês

(Spanglish, EUA, 2004)

Dir.: James L. Brooks
Elenco: Adam Sandler, Paz Vega, Téa Leoni e Sarah Steele

Princípio Ativo:
Vega e o vovô

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A pauta era essa: “Caiu do Céu ou Espanglês. Não houve cabine de imprensa, cobre aquele que for possívelâ€. Os dois filmes calharam de estrear em BH muito tempo depois da estréia ‘nacional’ em SP e Rio. A tendência no Pílula era apostar na cobertura de Caiu do Céu, do mesmo Danny Boile de Trainspoting e Extermínio. Mas desde as primeiras notícias sobre Espanglês, eu tinha apostado minhas fichas no filme. Não me arrependi da escolha que fiz para cobrir.

Spanglish é o filme que possivelmente seu avô faria, se ele fosse um bom contador de histórias. A clareza com que James L. Brooks consegue contar sua história parece típica de quem já viu muito na vida e agora gosta de sentar no sofá para contar. Clareza não no sentido de tratar o público como estúpido, mas de habilidade para emaranhar um enredo. Em Espanglês, Brooks decide se transformar no avô de um povo norte-americano em crise, povo esse que dá a impressão de precisar desesperadamente re-aprender a conviver.

Flor Moreno (Veja) é uma empregada latina que chega para trabalhar na casa da neurótica família Clasky, gente que aparentemente passa o dia ocupada em evitar enxergar uns aos outros. Moreno não fala uma palavra em inglês e isso no princípio é indispensável para que ela mantenha o emprego, mantendo distância (sadia) da família em questão.

No entanto, a chegada de Flor na casa da família é um dos remendos de roteiro. A desculpa para Flor mudar de emprego no início do filme e a facilidade em arrumar trabalho emprego na casa Clasky são algo ridículas. A guinada que o filme dá em sua metade (com uma mudança de casa, inclusive) parece truque de roteiro pré-fabricado.

A habilidade de Brooks aparece mesmo no primeiro ato do filme. Dirigindo um elenco que parece ter sido embebido em azeite, tamanho o entendimento entre atores/personagens e história, ele traz à tela algo que lembra uma Mary Poppins modernizada, numa casa e numa personagem em que já não cabem grandes esperanças. Há toda uma impressão de ‘medo!’ na forma de retratar uma casa americana que nem o humor deixa menos nítida.

O filme é repleto de pequenas e boas soluções de roteiro (“Esquerda! Esquerda!â€; a avó ex-famosa que ainda é apresentada com nome e sobrenome), que infelizmente ficam apagadas quando o roteiro vira a dispensável historinha de amor. E Adam Sandler continua sendo o ator mediano mais bacana que um dia ainda vai atuar novamente, mas ainda não foi agora.

Entre a primeira e a segunda partes do filme, parece que acaba tudo em zero a zero. Mas nada paga o preço de ver uma história empatada tão bem contada assim.

O trio romântico do filme esperando (à toa) tudo engrenar de novo

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