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Azar ou burrice?

04.03.06

por Daniel Oliveira

Fora de rumo

(Derailed, EUA, 2005)

Dir.: Mikael Hafström
Elenco: Clive Owen, Jennifer Aniston, Vincent Cassel, Melissa George, Addison Timlin, RZA

Princípio Ativo:
Vincent Cassel e reviravoltas manjadas

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“Ponto final†apresentava o destino de um homem como conseqüência de suas escolhas e, Woody Allen teorizava, uma dose de sorte. Nada contra tal opinião, mas arrisco afirmar que o que ele chama de “sorte†é, na verdade, resultado de atitudes inteligentes. O protagonista Chris Wilton era, acima de tudo, muito esperto.

“Fora de rumoâ€, dirigido pelo sueco estreante Mikael Hafström, também discute o destino de um homem. Só que com uma diferença: seu protagonista, Charles Schine, é – muito – burro. Inocente, ingênuo, bobo. Os infortúnios vividos por ele no longa são, na maioria das vezes, conseqüência de sua burrice - um dos principais empecilhos para se envolver com a trama.

Interpretado por Clive Owen, Charles é um publicitário que conhece Lucinda Harris (Jennifer Aniston) no metrô. Ambos frustrados, casados e com filhos, os dois ensaiam um caso, mas na hora H são flagrados por um assaltante, Phillippe (Vincent Cassel, de “Doze homens e outro segredo†). Violentados, eles se tornam vítimas da chantagem do bandido, que passa a aterrorizar Charles, principalmente.

É difícil acreditar que o sacana espertalhão de “Closer†possa ser um homem tão frágil, mas Owen nem é o maior problema do longa. O “segredo†que o protagonista descobre lá pelas tantas do filme, qualquer espectador com mais de dois neurônios já havia matado há muito tempo. Até o plano de vingança de Charles no ato final é desastrado e mal traçado, fazendo com que ele quase vá preso uma série de vezes.

Já Aniston não convence como mulher fatal – por mais que tente, ela não entra nem no clube das “desquitadas com talento†de Nicole Kidman, nem dos “astros de TV que conseguem se dar bem no cinemaâ€, de George Clooney . Com isso, as boas cenas são as que contam com a presença do ótimo Cassel. A “visita†que ele faz à família de Charles deixa o público espumando de ódio e tensão. Aliás, por mais sórdido que seja seu personagem, você fica quase inclinado a torcer por Philippe, bem mais esperto que o protagonista.

O longa se perde no roteiro, com o perdão do trocadilho óbvio, sem rumo de Stuart Beattie. Além da falta de identificação com o protagonista e das reviravoltas manjadas, ele tem erros bobos - como o letreiro final que indica o mês de dezembro, mas a filha de Charles sai para a escola sob as folhas caídas do outono americano, que acontece meses antes.

“Fora de rumo†funciona se você for disposto a desligar seu cérebro e passar por uma montanha russa de tensão. Mas aí a opção mais óbvia e adequada seria andar numa montanha russa, não é mesmo?

E o Vincent Cassel não deixa eles passarem disso aí...

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