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Túmulo de boas idéias

16.10.06

por Igor Costoli

O Grito 2

(EUA, 2006)

Dir.: Takashi Shimizu
Elenco: Amber Tamblyn, Sarah Michelle Gellar, Arielle Kebbel, Edison Chen, Matthew Knight, Jennifer Beals

Princípio Ativo:
Movimento de câmera, sobe som... Aaaah!

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Imagine que você tenha feito um ótimo trabalho escolar no bimestre passado. Para o trabalho final, aquele que fecha o ano, um colega propõe: por que você não o apresenta de novo? E você acha a idéia ótima. Tanto que faz uso dela novamente, por cinco vezes. Incluindo aí versões japonesas do original "Ju-on", "O Grito 2" é a sexta vez que o diretor Takashi Shimizu dirige a história da maldição que nasceu num lar japonês.

Nesta efetiva continuação d’O Grito (já que existem, sim, continuações de mentirinha) Aubrey Davis (Tamblyn) vai ao Japão visitar a irmã Kate (Gellar, ótima mais uma vez no papel de loira), internada num hospital e sendo vigiada pelas suspeitas de um incêndio criminoso que matou o namorado. Aubrey conta com Eason (Edison Chen) para descobrir um fim para a maldição que passa a atormentá-la também.

Hollywood não conta muito com a inteligência nem a memória do público americano, então explica o que aconteceu no primeiro longa. A casa de Kate foi amaldiçoada quando das mortes de Kayako e Toshio, respectivamente esposa e filho do assassino Takeo. Tentando pôr fim à maldição, ela provoca o incêndio que encerra o primeiro filme mas que cria o problema deste: de algum modo, os espíritos de Kayako e Toshio podem agora assombrar as pessoas fora da casa. Só o como isso é possível ficou sem explicação.

Na tentativa de acrescentar novos elementos à história, boas idéias e recursos se perderam por falta de coesão. A narrativa fragmentada permite acompanhar paralelamente a história de personagens que passam a ser também perseguidos pela maldição. É o caso de Allison (Kebbel) e do pequeno Jake (Matthew Knight, o único no elenco que vale menção por seu trabalho). A falta de algumas respostas cai bem ao estilo japonês, mas num filme comercial parecem buracos de roteiro.

Sam Raimi (os dois Homem-Aranha) quando produziu "O Grito" apostou na força de uma boa história e no clima que Shimizu criou em Ju-on. A aposta na continuação não irá decepcionar nas bilheterias, mas do mesmo modo que o primeiro frustrou expectativas exigentes, este também deixa a desejar na hora de ser filme como um todo. Juntar Japão e EUA resultou num misto frio, apesar dos ingredientes estarem todos ali. Sustos? Sim, alguns bons, mas nesse caso não fez mais que a obrigação.

Fazer barba e bigode aqui deve ficar numa nota preta...

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